O projeto Gineceu Androceu contou com a participação de vinte atores que aceitaram o desafio de se transformarem em personagens do sexo oposto. O resultado é a exposição inaugurada na sexta-feira, dia 11, nos Paços do Concelho, em Lisboa. As fotografias estão à venda e 30% das receitas revertem para a Associação Abraço, que luta pelos direitos das pessoas diagnosticadas com Sida/HIV..
A exposição pretende contribuir para a mudança de mentalidades no que diz respeito às questões de género. Da autoria do ator, encenador e figurinista João Telmo, o projeto integra a 46ª edição da Moda Lisboa.
Paulo Pires, Diogo Amaral, Soraia Chaves, Filomena Cautela e Benedita Pereira são alguns dos nomes que aceitaram participar na iniciativa.
Gineceu Androceu explora o conceito da inversão de género, onde a masculinidade não pertence só aos homens, nem a feminilidade só às mulheres. É um projeto inspirado nas teorias queer, defendidas pela filósofa Judith Butler no livro Gender Trouble, no qual defende que a orientação e a identidade sexual resultam de uma construção social. A autora argumenta que o género não é intrínseco ao indivíduo, mas uma materialização que decorre de um processo de repetição e ritualização. Com este projeto, João Telmo pretende “desfazer a ideia heteronormativa de que o homem e a mulher têm de ser desta e daquela forma.”
Os figurinos foram cedidos por 11 estilistas e designers portugueses. Paulo Pires veste um corpete dos Storytailors e usa longos cabelos louros, Diogo Amaral calça saltos altos e tem o cabelo e a barba feitas de flores, exibindo um fato de Miguel Vieira e Soraia Chaves está vestida por Luís Carvalho e usa bigode.
João Telmo revelou que nos bastidores era imediata a mudança de comportamento dos atores “a partir do momento em que existe uma peruca, pestanas postiças, barba ou um vestido a pessoa muda imediatamente”.
As fotografias que integram a produção são do fotógrafo Telmo Pereira.
Gineceu Androceu estará em exposição até 13 de março. A entrada é livre, mas as imagens expostas estão disponíveis para venda e 30% das receitas reverte para a Abraço.
O projeto deverá ser exposto noutras cidades portuguesas, mas as próximas datas ainda não estão fechadas.