O anúncio de Rui Marques, coordenador da PAR, surge na sequência de uma visita de uma semana realizada à Grécia, que termina hoje, para verificar o que está a ser feito no terreno e qual a melhor forma de contribuir para melhorar o programa de recolocação de refugiados.
Inicialmente a PAR concentrou-se no Líbano, mas depois desta missão é evidente que a Grécia “merece a nossa atenção e a solidariedade”, e irá “constituir uma prioridade no apoio da Linha da Frente”, sublinhou.
No diálogo com várias ONG no terreno, “surgiram várias ideias e projetos que irão ser concretizados em grande proximidade com a Cáritas e o Serviço Jesuítas aos Refugiados, com quem já trabalhámos no Líbano, e outras organizações”.
Esta ajuda pode refletir-se em programas de voluntariado, apoio financeiro e de alguns bens, avançou Rui Marques.
Fazendo um balanço da missão à Grécia, o responsável disse que foi “muito positivo” e que os objetivos a que se propuseram “foram alcançados com factos relevantes”.
“Foi possível perceber melhor e entender onde é que estão vários pontos de bloqueio”, no processo de recolocação, disse, adiantando que irá transmitir às autoridades portuguesas as dificuldades encontradas.
O número de refugiados que chega a países europeus é “extremamente reduzido”, uma vez que, dos 160 mil que a Europa se comprometeu a recolocar ao longo de dois anos, chegaram apenas 470, tendo Portugal recebido 24.
Outros dos objetivos da missão da PAR foi mostrar a solidariedade das organizações da sociedade civil portuguesa com a Grécia, que “tem estado sujeita a um esforço enorme”, disse Rui Marques, aludindo à chegada, todos os dias, ao país, de 4.000 a 5.000 refugiados.
Apesar deste retrato, Rui Marques disse que encontrou uma “situação muito mais organizada e funcional” do que a que lhe tinham descrito, realçando “o esforço muito significativo” das autoridades para ter em funcionamento centros de registo.
Manifestou ainda preocupação quanto ao futuro devido à “falta de solidariedade europeia”, ao agravamento da guerra na Síria e a incapacidade de articulação com a Turquia, por parte da União Europeia.
Alertou também para “a catástrofe” que pode acontecer se a fronteira entre a Grécia, a Macedónia e a Bulgária for encerrada, como defendem alguns países.
O mundo tem de se empenhar de “uma forma decisiva, honesta e eficaz na paz na Síria”, concluiu o coordenador da PAR.