Deficiente ou atrasado mental são palavras abundantemente usadas como insultos, mas o BIPP, que promove a inclusão de cidadãos com deficiência, quer combater a carga pejorativa associada a estes termos através de uma campanha online.
Só a palavra deficiente e as suas derivações terão sido usadas mais de 90 mil vezes de forma inadequada, ou seja, como um insulto na rede social Instagram.
“A reflexão pessoal é fundamental para permitir a mudança social de comportamentos e eliminar a utilização corriqueira de termos com conotação negativa e de tom insultuoso que servem de bengalas de discurso a crianças e adultos, mas essencialmente a figuras públicas e líderes de opinião”, afirma a presidente do BIPP, Joana Santiago, na nota de apresentação da campanha. E acrescenta: “A educação linguística é importante para que as deficiências não continuem a ser citadas servindo de insulto a comportamentos censuráveis, como a parvoíce, a estupidez, a insensibilidade, a irreflexão e tantos outros exemplos para os quais o léxico português tem inúmeros adjetivos mais adequados”.
O BIPP entende, assim, que a linguagem também contribui para a exclusão social e quer evitar a proliferação deste comportamento apelando aos utilizadores das redes sociais para tirarem fotografias com uma tira de fota cola na boca com o insulto que querem banir lá escrito. Depois de partilharem a foto em #BIPP e #NãoéInsulto, devem desafiar dois amigos a fazerem o mesmo.
Várias figuras públicas associaram-se à campanha e vão contar histórias pessoais de situações em que se arrependeram de recorrer a este tipo de insultos para ajudarem a mudar comportamentos. A autora do blogue de moda A Pipoca Mais Doce confessa que já conduziu a falar ao telemóvel o que a torna irresponsável, e não anormal, escreveu na rede social Facebook.
Tal como sugere a presidente do BIPP, há outras palavras mais adequadas para insultar. Há que ser criativo. Até no insulto.
