A quarta conferência anual da Associação Corações com Coroa (CCC), este ano dedicada aos jovens, realizou-se na segunda-feira, 9. Pisaram o palco do auditório do Museu do Oriente, em Lisboa, nomes como Catarina Furtado, Presidente da CCC e Jorge Sampaio, antigo Presidente da República.
Na sessão introdutória ao tema “Jovens a maior geração de sempre: a solução para o desenvolvimento glocal”, com duas turmas do ensino básico e secundário no público, Catarina Furtado apresentou os objetivos da conferência que fez dos jovens o tema principal.
Catarina Furtado enfatizou que os jovens são agentes de mudança a nível global e, consequentemente, devem ser promotores de igualdade. Existem, neste momento, 1,8 mil milhões de jovens no mundo com menos de 25 anos e são eles a resposta para o desenvolvimento “global. acredita a apresentadora. Não devemos pensar de maneira individualista porque “o mundo não é dos e das, é o nosso mundo”. Catarina Furtado pediu uma reflexão sobre o que somos como Europa e o que queremos ser e conta com os jovens para serem agentes da mudança que o mundo precisa: “É preciso apostar na educação para evitar violência no namoro e a gravidez na adolescência. A força imensa dos jovens deve ser usada para este objetivo em comum”.
Carlos Monjardino, Presidente da Fundação Oriente, e Maria Gabriela Soares de Albergaria, vogal do conselho diretivo do Instituto Camões, sentaram-se ao lado de Catarina para destacarem, mais uma vez, a importância do papel dos jovens na construção de um futuro melhor através de um desenvolvimento sustentável em que todos tenham acesso à água, saúde, educação, liberdade política e igualdade de género.
A ativista Rita Brito de 25 anos subiu ao palco e teve a oportunidade de pôr algumas questões ao ex-presidente da República Jorge Sampaio, que respondeu em tom bem-disposto ilustrando as suas opiniões com histórias. Numa delas, deu o exemplo da sua mãe, que estudou em Inglaterra até ao 7º ano, e que quando veio para Portugal não conseguiu equivalências. Agora, este tipo de questões são muito mais simples. O ex-presidente referiu o programas de intercâmbio Erasmus como uma mais-valia. Jorge Sampaio admite que seja tentador emigrar por um salário três vezes superior ao português e deixou um recado: “O nosso país tem que apoiar a juventude”.
INVERTER O BERÇO
O ex-presidente enfatizou, ainda, a importância do agregado familiar para o desenvolvimento pessoal dos jovens e considera-se um sortudo por ter estado inserido numa família que o apoiou e acompanhou. Para o antigo chefe de Estado “a literacia e emancipação são essenciais” e ninguém deveria ser limitado por ter nascido em certa família em vez de outra, ou seja: “O berço não deve ser definitivo, mas sim invertido”. Jorge Sampaio acredita que todos devem participar na resolução de problemas comuns. “Não podemos alienar aquilo que tem a ver connosco”, defendeu.
Depois da comunicação do ex-presidente foi apresentada a nova porta-voz da Corações Com Coroa: a atriz Sara Matos, que tem a responsabilidade de partilhar a mensagem da associação com os mais jovens. Sara Matos, em declarações à VISÃO, disse sentir se muito grata por este convite e que embora sempre se tenha interessado por este tipo de questões, nunca foi participativa, mas agora chegou o momento em que poderá fazer a diferença.
Durante o evento foram distinguidos trabalhos de comunicação (jornalismo e publicidade) que se destacaram na promoção do conhecimento, informação, sensibilização e proteção dos Direitos Humanos. Os vencedores na categoria de jornalismo foram as reportagens “O Amor não mata” (SIC), da jornalista Ana Sofia Fonseca, e “A Fronteira da Hipocrisia” (TVI), de Susana Bento Ramos.
A cerimónia terminou mostrando a razão pela qual a associação existe: raparigas apoiadas pela CCC testemunharam as suas experiências e a importância do acompanhamento na sua evolução.
A CCC tem objetivos definidos para os próximos 15 anos, com enfase no fim da pobreza e desigualdade de género e considera fulcral investir nas raparigas melhorando as suas vidas e, consequentemente, gerando um impacto positivo nas suas famílias e comunidade.
A organização não tem fins lucrativos e foi fundada em 2012 por Catarina Furtado e duas amigas, Ana Magalhães e Ana Torres, com o objetivo de promover uma cultura de solidariedade, igualdade de oportunidades e inclusão de pessoas em situações de vulnerabilidade, risco ou pobreza.