Sou daqueles que acreditam que um outro mundo é possível. Esse outro mundo mais humanizado, com mais ética, com mais regras, com mais tolerância e abertura, com mais aceitação, é possível, mas só se os cidadãos assim o quiserem. Como viajante que sou, pugno efetivamente por uma nova visão do mundo e por uma nova mentalidade do ser humano. Sou daqueles que sonham com a existência de uma cidadania global, com uma única nacionalidade que abrangeria todos os habitantes da Terra e diria mesmo até do Universo.
Sou daqueles que acreditam que a vida é única no que diz respeito à sua sacralidade, porque ao longo das minhas inúmeras viagens constato sempre as mesmas necessidades básicas em qualquer parte do mundo.
Sou daqueles que acreditam que a grande maioria dos habitantes do nosso planeta procura apenas e só satisfazer as suas (e da sua família) necessidades mais elementares, como sejam a alimentação, a habitação, o vestuário, a saúde e a educação, o amor e a fé numa entidade superior que a tudo e a todos transcende, inacessível, independentemente do nome que lhe é dado.
É verdade que há uma minoria que ergueu o dinheiro como um deus e que em nome desse falso deus está disposto a tudo, inclusive a matar o seu semelhante. Há uma minoria disposta a tudo pelo poder e, infelizmente, tem-no efetivamente, condicionando os desejos e as vontades da grande maioria da população do nosso planeta.
Sou daqueles que acreditam que os grandes motivos de incompreensão e rejeição do outro são muito mais culturais e sociais do que religiosos e civilizacionais, chavões sempre utilizados para se lançar areia para os olhos e justificar conflitos e guerras.
Os indivíduos no Mundo, tal como as camadas de uma “cebola”, identificam-se mais com as pessoas que estão nas mesmas camadas culturais e sociais e com as quais têm empatias muito mais decisivas do que as camadas religiosas ou civilizacionais.
Pessoalmente, no que me diz respeito, são os interesses culturais e humanos que me ligam às pessoas, independentemente da sua religião ou civilização…
Sinto-me muito perto de amigos meus, sejam eles taoistas, budistas, hinduístas, muçulmanos, judeus, cristãos ortodoxos, protestantes ou católicos, porque com eles partilho valores, conhecimentos ou experiências.
Sou daqueles que acreditam que é fundamental que se fortaleça o diálogo, que se construam pontes de entendimento, que sejam enviadas mensagens claras nesse sentido para a opinião pública mundial e que sejam evitados discursos e opiniões preconceituosas ou de fácil distorção.
É o único caminho. Associar culturas e religiões, num diálogo frutuoso, na resolução de conflitos e evitando as escaladas perniciosas de tensões…
Nesse sentido, sou daqueles que acreditam que é importante ouvir o outro e entendermos, de uma vez por todas, que religião e política são questões que devem ser encaradas separadamente, pois o que há de mais rico no nosso mundo é a diversidade cultural, etnográfica, folclórica, racial, ambiental e espero que isso possa ser preservado para o futuro da história humana.
Sou daqueles que acreditam que conseguiremos ter um mundo de inclusão, no qual nos sentiremos todos aceites pelas nossas diferenças, uma nação global feita de tolerância, de entendimento, de aceitação, de inclusão e porque não dizê-lo também, de amor e de paz.
Sou daqueles que acreditam… no ser humano.