À mesa de um café em Lisboa, ali junto do cinema São Jorge, nessa hora pejado de jovens amantes do cinema atraídos pelo MOTELx, trocava eu impressões com um afilhado, jovem preocupado com o estado do país e seu necessário desenvolvimento e estabilidade. E, em fase de saldar férias para retomar com serenidade o ritmo necessário a bons ciclos de produtividade, discutíamos a forma de acesso à faculdade e a um ensino que tem de ser superior desde o primeiro dia de aulas. E, claro está, as praxes vieram à baila numa análise nacional, regional, circunstancial e, seguramente, social.
Ao pesquisarmos na internet o que ao longo dos anos se tem escrito a este propósito, deparámo-nos com notícias de que não gostámos nem um bocadinho. Brincadeiras que mais assumem o rosto do disparate, pondo não raras vezes em causa a saúde e a estabilidade dos alunos e das próprias universidades. Mas, justiça se faça, fomos também surpreendidos pelos relatos sobre praxes solidárias. E o que são elas? Iniciativas de louvar que merecem destaque em fóruns mais ou menos formais, mas seguramente nos meios de comunicação que mais enchem os nossos dias. É que, desde a recolha de bens alimentares a cordões humanos em prol da saúde infantil, passando pela remodelação e recuperação de espaços ou pelo apoio às comunidades locais em parceria com juntas de freguesia, é cada vez maior e mais abrangente o leque de alunos que, individual e coletivamente, podem afirmar “sim, eu entrei para a faculdade e a minha praxe marcou definitivamente, e pela positiva, a minha vida”.
Perguntar-se-á, caro leitor: mas o que têm as praxes a ver com as empresas e a sua estratégia socialmente responsável? Tudo. Têm mesmo tudo. É que os jovens, “praxantes” e “praxados” de hoje, são os adultos e decisores de amanhã. E se empresas e academias derem as mãos numa corrente de valores e princípios reforçados nas organizações da economia social, poderemos estar a construir todo um sem número de oportunidades de trabalharmos desde bem cedo, e de forma conjunta e consequente, a qualidade da sociedade que precisamos de deixar como legado para as gerações do futuro.
Este é, de resto, o princípio da sustentabilidade que advogamos na minha Associação, a tal que reúne já uma centena de empresas que se preocupa todos os dias com a qualidade e o bem-estar das pessoas que contribuem para o seu sucesso e para o sucesso do planeta. Assim sendo, em fase de regresso às aulas, permitam-me que aqui apele ao bom senso do ser humano e que recomende que se pratiquem as praxes, pois então, mas, concordando com o meu afilhado, apenas e tão-somente as praxes solidárias, ou seja, aquelas que nas empresas consideramos socialmente responsáveis. E aí sim, estaremos todos no bom caminho.