Foi um artista incansável que se destacou como pintor e ceramista, praticando um abstracionismo lírico, luminoso e decorativo, que, frequentemente, se abria a figurações esquemáticas. De origens humildes, frequentou a Escola António Arroio mas o facto decisivo para o despoletar da sua carreira foi o encontro em Paris com a pintora Maria Helena Vieira da Silva de quem se manteve sempre próximo. A paixão pela cerâmica, que praticou e de que foi grande coleccionador, levou-o a Itália, numa geografia alargada e cosmopolita que nunca deixou de se referenciar em Portugal. A sua herança está assegurada em duas instituições em que muito se empenhou: O Museu Manuel Cargaleiro, em Castelo Branco, e a Oficina das Artes no Seixal. Em 2019, realizou novos painéis cerâmicos para a estação de metro Champs Elysées-Clemenceau em Paris, afirmando então que eles eram um ramo de flores que oferecia à cidade onde se formou como pintor de nomeada internacional.
*Raquel Henriques da Silva
Historiadora de arte ligada à Universidade Nova de Lisboa, onde foi professora catedrática. Há cerca de um ano lançou o livro Variações – Arte Portuguesa, Séculos XIX-XX (Documenta)