O concurso para guardas prisionais fechou, esta segunda-feira, com 403 candidaturas, número que fonte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), ouvida pela VISÃO, considerou “ser muito baixo”.
O processo de recrutamento para as 225 vagas na força de segurança vai agora passar por quatro fases de seleção (que incluem provas físicas e de conhecimentos, exame médico e avaliação psicológica), a decorrem nos próximos meses. O pessimismo, porém, parece ser a nota dominante. “Queremos pessoas aptas para cumprir todas as tarefas dos guardas prisionais. E, com este número de candidatos, sinceramente, acho que arriscamos a não conseguir aprovar sequer 100 pessoas”, diz Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP).
Recorde-se que a falta de guardas prisionais tem sido apontada, pelos profissionais, como um dos principais problemas do setor. De acordo com Frederico Morais, “o quadro de pessoal pensado previa, pelo menos, mais 1 500 guardas, mas a situação pode tornar-se ainda mais dramática, pois, em breve, vai haver uma redução significativa do número de guardas, uma vez que quase 1000 colegas devem reformar-se até ao final de 2027”.
O presidente do SNCGP considera que a situação “é muito preocupante”. “Hoje, já ninguém quer esta profissão, eu que fica comprovado com o número de candidaturas apresentadas. A carreira de guarda prisional deixou de ser atrativa e isso só vai mudar quando o salário base no início da carreira for valorizado”, afirma Frederico Morais.
O dirigente garante que esta situação pode levar, em breve, “à perda do controlo das prisões portuguesas”. “Se nada mudar, o sistema prisional pode entrar em colapso”, alerta Frederico Morais.