Mónica Silva tinha sonhos de “dinheiro” e de “sucesso”, contam, à VISÃO, familiares e vizinhos da mulher que desapareceu, sem deixar rasto, há pouco mais de 13 meses. Na Murtosa, distrito de Aveiro, ninguém quer falar de um assunto que “já não interessa”, que “já cansa”, que envolve “famílias complicadas”, repetem (quase) todas as vozes, nada interessadas em fazer parte do elenco mediático, que transformou as alegadas vítimas de um crime em protagonistas involuntários de uma longa novela policial (ver caixa O caso da “grávida da Murtosa”). Quem era, afinal, Mónica?
A família Silva “é toda da Murtosa”, conta a tia paterna de Mónica, Maria Filomena, uma espécie de porta-voz do enredo, hoje a mais famosa moradora de Pardilhó, lugar próximo. “Gente pobre”, prossegue, “sempre ligada à ria [de Aveiro]”, que toca todo aquele território. O pai, Alfredo, também conhecido por “Tuinha”, “sofre de esquizofrenia”, terá tido “um acidente na tropa” e “passou a viver da [pensão de] invalidez”; a mãe, Celeste, “trabalhou toda a vida na ria, na apanha do marisco”, mas agora é doente, “coitadinha, tem problemas nos rins”, “anda, há anos, na hemodiálise”. “Ainda vivem na Murtosa”, confirma.