Talvez seja mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que julgar a Operação Marquês e o processo do Banco Espírito Santo. Enquanto o primeiro continua enredado numa teia de recursos e impedimentos de juízes, o segundo, após uma recente decisão do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), corre o risco de regressar à fase de instrução, ao mesmo tempo que assistentes (lesados) e o coletivo de juízes ainda estão em guerra no que diz respeito aos pedidos de indemnizações contra os arguidos.
É o próprio Ministério Público, presente no julgamento do caso BES, quem admite que um recente acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa ‒ que alterou a decisão instrutória do juiz Pedro Santos Correia, de agosto de 2023, anulando o arquivamento dos crimes de infidelidade imputados a dois ex-quadros do banco, Pedro Costa e Cláudia Faria ‒ pode fazer com que o processo regresse à fase de instrução, de forma a ser proferido um novo despacho por um juiz de instrução que incorpore os crimes de infidelidade arquivados pelo juiz Pedro Santos Correia.