A escassez de produção de azeite, desde logo na vizinha Espanha, maior produtor mundial, tem provocado um aumento do preço em toda a União Europeia, com Portugal a sofrer um impacto bastante forte. Não haverá, por isso, alguém habituado a ir às compras a surpreender-se com o facto de o azeite virgem extra ser o produto que viu o seu preço disparar mais ao longo do último ano. Na primeira semana de maio de 2023, o custo de uma garrafa de 75 cl fixava-se nos €6,67 e agora é preciso pagar €11,21 – uma subida de €4,54 (ou 68%).
Os dados são da Deco Proteste, que desde 2022 monitoriza, com periodicidade semanal, os preços de um cabaz alimentar que inclui 63 produtos essenciais, recolhidos nos principais supermercados com loja online. Numa comparação com o período homólogo do ano passado, constata-se que, a seguir ao azeite, os alimentos cujo preço mais subiu são o atum posta em azeite (34%), a pescada fresca (28%), a couve-flor (27%), a laranja (25%), a maçã gala (22%), os brócolos (16%), a dourada (16%), o esparguete (15%) e a curgete (15%).
Em relação ao custo total do cabaz, verifica-se um aumento de €12,57 (5,65%) para €235,19, entre maio de 2023 e maio de 2024, inferior ao de €16,63 (8,07%) registados no ano anterior, traduzindo uma descida da inflação.
A Deco justifica a inflação dos últimos anos com “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde era proveniente grande parte dos cereais consumidos na União Europeia (e em Portugal)”, o que “veio pressionar o setor agroalimentar”, já antes “a braços com as consequências da pandemia e da seca”. Tudo somado, “a limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente dos fertilizantes e da energia, necessários à produção agroalimentar” acabou por refletir-se “num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como a carne, os hortofrutícolas, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal, em 2022”.