Alfredo Moreira da Silva, o dono da Herdade da Matinha, falou com aquele grupo de executivos, em janeiro, como já tantas vezes tinha feito com qualquer outro hóspede da unidade hoteleira que fundou ainda nos anos 1990. Estamos no Cercal do Alentejo, em Santiago do Cacém, no meio de uma propriedade com 107 hectares que foi este ano nomeada para o The Earthshot Prize graças ao programa Re-Gen. Lançado em 2020 pelo príncipe William e pela The Royal Foundation, o The Earthshot Prize é um prémio global, que tem como objetivo encontrar novas soluções para os maiores problemas ambientais do mundo. Para isso, a organização conta com a ajuda de um grupo de instituições em redor do globo, que são convidadas a enviar nomeações para as cinco categorias do prémio: Proteger e Restaurar a Natureza (aquela em que está nomeado), Limpar o Nosso Ar, Recuperar os Nossos Oceanos, Construir um Mundo sem Lixo e Tratar o Nosso Clima – em tradução livre. Os vencedores recebem um milhão de libras.
O programa Re-Gen, pensado e desenvolvido pelo proprietário-artista-restaurateur-hoteleiro, foi nomeado por uma organização britânica por um feliz acaso. “Estava cá um grupo de executivos de uma empresa, que não posso dizer qual é, e eu falei com eles, informalmente. No final dos trabalhos que vieram cá fazer, fui ter com eles e mostrei-lhes o que fomos desenvolvendo aqui nos últimos anos, como gosto de fazer com toda a gente”, diz o divertido e descontraído proprietário da herdade. “Uns dias depois, recebo uma chamada do vice-presidente para a sustentabilidade, dessa mesma empresa, a perguntar se podia nomear-nos para o Earthshot Prize. Foi uma loucura”, diz, ainda surpreendido. Em Portugal há dois nomeadores oficiais para esta distinção – a Casa do Impacto e o INESCTec –, mas, garante ainda o cofundador da Matinha, nenhum deles o contactou.