Vamos chamar as coisas pelos nomes. Na linguagem escrita, essas coisas assumem a forma de @, *, …, ! e #. No registo sonoro, os vocábulos com carga emocional costumam ser camuflados com um “Piiiiiiiii” por quem edita o conteúdo que chega aos destinatários. Não são palavras, mas palavrões e evocam o que não é dito, mas que vem à mente, de forma espontânea.
Os termos interditos, ou considerados tabu, parecem possuir propriedades extraordinárias, ou uma magia própria, quando se soltam de modo enfático e sem pudor. Vejam-se os impropérios proferidos no trânsito, o remédio certo para a frustração. Um valente “f******!”, alto e bom som, produz alívio imediato para a dor. E assim que um clube desportivo perde – mas também quando ganha –, o coro de asneiras que sai das bocas dos adeptos contribui para a catarse.
O contexto e a interação verbal são essenciais para perceber se é uma estratégia de agressividade ou de violência verbal face ao interlocutor
Isabel Roboredo Seara, investigadora e professora universitária