Chama-se Telepathy, é um chip do tamanho de uma moeda e foi colocado pela primeira vez num cérebro humano, este domingo. A revelação foi feita por Elon Musk, numa publicação partilhada na rede social X no dia 29.
O dono da empresa de neurotecnologia Neuralink garante que o paciente, voluntário neste estudo, está “a recuperar bem” e que o implante já deteta atividade cerebral: “Os primeiros resultados mostram picos de atividade neurológica promissores”. Este teste foi feito após aprovação da FDA, a agência norte-americana que regula o mercado dos medicamentos e alimentos, 2023.
Segundo a Neuralink, o objetivo deste chip é permitir que pessoas com incapacidade física consigam recuperar mobilidade e movimentos que agora estão restritos. Esta inovação vai “permitir que seja possível controlar qualquer dispositivo, como um telefone ou um computador, através do pensamento”, garante Musk, sublinhando que o grande objetivo é mesmo ajudar pacientes a contornarem casos de paralisia.
O chip é implantado por um robô através de cirurgia numa zona do cérebro que controla a intenção de movimento e este mecanismo ajuda a transmitir os sinais do cérebro para os dispositivos eletrónicos que se deseja controlar. Estes dispositivos podem ser aparelhos básicos ou inovações tecnológicas, como exoesqueletos, que permitam que um tetraplégico volte a andar.
Neste primeiro teste, a empresa pretende avaliar a segurança do procedimento cirúrgico e da utilização do chip por um humano. Até ao momento, a Neuralink ainda não forneceu mais detalhes sobre a cirurgia ou sobre o estado de saúde do paciente.
Este teste não é uma novidade
A Neuralink não é a primeira empresa a implantar um chip no cérebro. Ainda assim, “o primeiro teste em humanos é sempre um marco significativo para uma empresa que produz dispositivos médicos”, destaca Anne Vanhoestenberghe, professora do King’s College, em Londres, em declarações à BBC. “Existem muitas empresas a trabalharem em produtos interessantes, mas são poucas as que implantaram dispositivos em humanos, por isso, a Neuralink juntou-se agora a um grupo bastante pequeno”. É o caso do instituto Clinatec, em França, que em 2019 instalou um implante numa pessoa tetraplégica, ou da Onward, dos Países Baixos, que em setembro do ano passado anunciou o acoplamento de um implante cerebral para estimular a medula espinhal de um paciente tetraplégico.
Contudo, a especialista pede cautela nos festejos de sucesso nestas páticas, pois considera que isso só poderá ser avaliado “a longo prazo”.