A 24 de novembro de 1975, um grupo de oficiais da Armada, pertencentes ao “Grupo dos 80”, eram recebidos por Sá Carneiro, presidente do PSD, e pelo também social-democrata Mota Pinto. No dia seguinte, a confrontação entre a ala moderada e a ala mais radical do MFA, com a vitória dos primeiros, mudaria o curso da revolução e estabilizaria a democracia pluralista, em Portugal. O 25 de Novembro (tal como o 25 de Abril) praticamente não teve a intervenção dos marinheiros, mas os 80, organizados em células, que se reuniam em casa uns dos outros, que não tinham uma estrutura organizada, nem sequer sabiam, realmente, quantos eram, tudo foram preparando para se chegarem à frente e garantir a despolitização da Marinha e restabelecer a disciplina militar, muito deteriorada, ao longo do PREC. Esses tempos conspirativos, onde o recrutamento dos 80 era clandestino e as opiniões dissimuladas, serão nesta quinta-feira, 9, recordados, na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, através da apresentação de um opúsculo onde se fica a conhecer aquela organização semiclandestina: como atuava, como se relacionava com o Grupo dos Nove e como se articulava com os protagonistas do 25 de Novembro, nomeadamente, Ramalho Eanes, Tomé Pinto, Rocha Vieira ou Garcia dos Santos.
O livrinho, intitulado O Grupo dos 80. A Resistência na Armada ao Desvio Totalitário Pós 25 de Abril, a que a VISÃO teve acesso, em primeira mão, será apresentado por António Barreto e, como disse à VISÃO um dos organizadores, “a iniciativa destina-se a não deixar cair no esquecimento as nossas atividades dessa época e é o nosso contributo para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”.