A discussão sobre a mudança de horário é longa e complexa e continua sem gerar um acordo. Quem defende o fim da mudança da hora na União Europeia e o alinhamento dos fusos horários dos diferentes países, aproximando-os o máximo possível da hora solar e tornando-os permanentes, ou seja, a manutenção do horário de inverno, argumenta que mudanças na hora legal, adiantando uma hora na primavera, “não têm efeitos significativos na poupança energética”, ao passo que a manutenção da mesma hora “melhora a saúde, a economia, a segurança e o meio ambiente”.
O atual regime de mudança da hora na União Europeia é regulado por uma diretiva que determina que todos os anos os relógios sejam adiantados e atrasados, respetivamente, uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.
Mas discussões à parte, há o lado biológico destas alterações de horário. O nosso relógio biológico, ou ritmo circadiano, dura um dia e é o que nos permite (e aos seres vivos em geral) a adaptação às diferentes alturas do dia e da noite, incluindo processos metabólicos e hormonais, responsáveis, logo à cabeça, pela regulação do sono.
O sol é um dos elementos que intervém nesta rotina e que nos ajuda a regulá-la, enviando sinais: todas as manhãs, a luz do sol redefine o nosso relógio biológico “puxando-nos” de volta à sincronia de um dia de 24 horas.
Com a mudança para o horário de verão, interrompemos abruptamente essa importante relação entre os nossos cérebros e o sol. Quando estamos no horário padrão, ou de inverno, o meio-dia é quando o sol geralmente está no ponto mais alto: o meio-dia solar. No mês de março, quando mudamos para o horário de verão, os nossos horários mudam uma hora, mas o sol não se move. Isto significa que a programação do corpo e o meio-dia solar estão desalinhados.
Um dos principais problemas dessa é que atrapalha o sono. O nosso corpo ainda não está pronto para adormecer à hora de dormir habitual, que agora é uma hora mais cedo. E de manhã, o corpo também quer o antigo horário, mas o despertador toca uma hora mais cedo. O que acontece é que estamos a “cortar” o sono de manhã e à noite. Essa mudança repentina tem sido associada a mais ataques cardíacos e AVCs.
Se ficássemos no horário de verão o ano todo, dizem os especialista ouvidos pelo Washington Post, que estaríamos em risco de maior depressão sazonal nos meses de inverno. Além disso, viver cronicamente fora da sintonia com o ritmo circadiano coloca-nos um maior risco de perda de sono, obesidade, diabetes, doenças cardíacas, distúrbios de humor e até certos tipos de cancro.
Mas o que aconteceria se adotássemos o horário padrão durante todo o ano? Os especialistas dizem que eliminaríamos os problemas de saúde de curto prazo, mas mais importante: o nosso relógio biológico ficaria em sincronia com o dia.