“Sou da geração que clamava ‘é proibido proibir’”, diz o pneumologista José Alves, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), quando se lhe pergunta sobre a sua posição acerca das interdições antitabágicas. “Há a vontade própria, o livre-arbítrio, que não se pode tirar a ninguém”, acrescenta. “Não acho que tenhamos o direito de obrigar as pessoas a serem bem-comportadas, desde que percebam e assumam o risco de fumar, para depois tomarem uma atitude”, considera. Ou seja, que estejam conscientes, por exemplo, de que fumar “aumenta em 25 vezes o risco de ter cancro do pulmão”.
Mas José Alves diz que a FPP é uma organização “polifacetada” e que os pneumologistas “mais novos, muito ligados à adição tabágica, têm uma posição contrária à minha – acham que se deve tomar medidas proibicionistas, à imagem das que a Nova Zelândia adotou”. Hoje, naquele país da Oceânia, é proibida a venda de tabaco a qualquer pessoa nascida a ou depois de 1 de janeiro de 2009 e durante toda a sua vida (com o mesmo efeito, Singapura adotara, antes, a data de 1 de janeiro de 2000). A legislação neozelandesa, que prevê coimas até 91 mil euros para quem prevarique, também reduz a quantidade de nicotina nos produtos de tabaco fumado. E dá uma machadada brutal nos comerciantes que vendem tabaco, determinando a sua redução em 90% ainda este ano, de seis mil para 600. Objetivo: tornar a Nova Zelândia um país “livre de fumo” já em 2025. Lei antitabagista mais rigorosa apenas se encontra no Butão, que proibiu a venda de cigarros em 2010.