Foi um ministro da Educação surpreendentemente descontraído que recebeu a VISÃO, no seu gabinete da Avenida Infante Santo, em Lisboa, na esquina da 24 de Julho, com vista para o Tejo. João Costa pede que o foco se concentre, desta vez, nos alunos, “porque é possível discordar e continuar a trabalhar, sem prejudicar os mesmos de sempre”. Admite uma regressão na aprendizagem, devido à pandemia, e promete medidas para recuperar. Anuncia ações para inverter a tendência da alta de professores e lança recados para os sindicatos, diferenciando entre a Fenprof e o S.TO.P. Nas entrelinhas, deteta sinais de populismo nalguns dirigentes sindicais e alguma mistura entre extrema-esquerda e extrema-direita.
Falta de professores, problemas na colocação, greves anunciadas… O que está a ser feito para minimizar a instabilidade verificada, de novo, no início de mais um ano letivo?
A falta de professores não é uma questão nova nem que não tenha sido antecipada. Pedimos para que esse problema fosse estudado, já há cerca de três anos, o que nos permitiu elaborar um prognóstico das necessidades. O País não soube planear. Bastaria olhar para a demografia e para as previsões quanto às aposentações. Há menos de dez anos, optou-se por retirar do sistema educativo quase 28 mil docentes, pessoas que, entretanto, organizaram as suas vidas de outra maneira. Nalgumas regiões do País, nomeadamente a sul, a capacidade formativa das faculdades foi em parte desmantelada. E nós colocámos esta questão na agenda política, desde logo, no programa eleitoral e no programa do Governo, para começarmos a resolvê-la. Isto precisa de soluções imediatas mas, também, de médio e longo prazo. Aqui, há três eixos: o primeiro, com medidas cirúrgicas, como a substituição mais rápida, a majoração de horários, processos mais rápidos na colocação. Ao longo do ano, chegam-nos 600 pedidos de horário, por semana. O tempo entre o pedido e a colocação do professor é de cerca de três semanas. E fomos conseguindo, ao longo do ano, ir sempre resolvendo…