Não será por falta de sinalização da perigosidade de fogo florestal em Alcabideche que a Proteção Civil possa errar na estratégia de combate às chamas, que eclodiram naquela freguesia de Cascais, na tarde desta terça-feira.
De acordo com os dados históricos do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios de Cascais (PMDFCI), a que a VISÃO acedeu, a área onde corre solto o fogo, devido à força do vento, é não só sinalizada como a mais problemática, como foi palco das piores ocorrências, em área ardida, desde 2010.
Aquele PMDFCI salienta que naquela área, em outubro de 2018, foram destruídos 423,65 hectares; em julho de 2010, 80,3 hectares; em agosto de 2013, um incêndio consumiu 67,7 hectares; e, em julho de 2015, mais 44 hectares.
É devido a este histórico, e pela existência de um espaço florestal contínuo, que a freguesia Alcabideche tem elevado risco de ocorrências. Daí que, aponta o plano, seja “a mais afetada em termos de número de incêndios ao longo dos anos”.
Esta localidade conta com mais de mil hectares de floresta e quase 1300 de matos; e é também, aponta o PMFCI, a freguesia com o mais elevado número de ignições. Um vale encaixado na zona, associado a ventos rápidos, pode ser uma das razões para as chamas lavrarem de forma célere.
O PMDFCI de Cascais é um dos poucos mais de 200 da nova geração destes planos, em vigor até 2030. Tendo em conta o número de municípios em Portugal Continental (278) é óbvio que uma parte considerável não conta com um plano atualizado – uma realidade noticiada pela VISÃO, em setembro de 2022, no rescaldo maior incêndio do ano, que destruiu 28 mil hectares na serra da Estrela.
Um Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios é um documento onde deve constar informação que vai desde a orografia até ao histórico de fogos, permitindo assim delinear uma eficaz de estratégia de combate por parte da Proteção Civil.