As teorias da conspiração do movimento QAnon passam por afirmar que os democratas gerem uma rede de tráfico sexual através de uma pizzaria, que Donald Trump lidera uma luta contra uma cabala de pedófilos e que os Kennedy’s vão “regressar dos mortos”, mais de 50 anos após o assassinato de John F. Kennedy.
Agora, a mais recente conspiração envolve o seu líder. De acordo com um relatório médico obtido pela Vice News, Michael Protzman morreu a 30 de junho na Clínica Mayo em Rochester, Minnesota, nos EUA, uma semana depois de ter sofrido um acidente na pista de Motocross de Meadow Valley em Millville, no mesmo estado. O relatório indica que Protzman sofreu “múltiplos ferimentos por força bruta” depois de ter perdido o controlo de uma mota todo o terreno.
Apesar dos factos, os seus seguidores acreditam que o seu líder pode não estar morto. O administrador de um dos canais do Telegram utilizados pelo grupo para comunicar entre si, afirmou que o movimento iria abster-se de mencionar a morte do seu líder até “ter uma verificação absoluta”.
Todos os detalhes sobre o estado de saúde do líder foram rigidamente controlados pelo seu círculo mais íntimo de seguidores, composto por 12 membros. Apesar de, incialmente, ter sido partilhado com os restantes membros que Protzman tinha uma “potencial lesão cerebral”, não foram obtidas mais respostas sobre o seu estado e apenas foi instruído aos membros para “rezarem por ele”.
Os comentários nos seus canais de Telegram foram bloqueados e um seguidor de um dos grupos foi expulso quando questionou o estado de saúde do líder.
Em novembro de 2021, Protzman, ou como era conhecido pelos seus seguidores “Negative 48”, levou uma multidão de apoiantes a reunirem-se no Texas para aguardar o regresso de John F. Kennedy Jr., que morreu há mais de duas décadas.
A escolha do local não foi aleatória, e as centenas de seguidores reuniram-se na Dealey Plaza, em Dallas, o local onde o pai de JFK Jr. foi assassinado. O líder do culto acreditava que a família Kennedy era descendente de Jesus Cristo e, através de numerologia e das publicações do QAnon, terá convencido os seus seguidores de que a família se preparava para tomar o poder e salvar a nação, com a sua ajuda.
Apesar da espera, o aguardado reaparecimento não se concretizou. O facto de os Kennedy “não terem regressado dos mortos” como Protzman teorizou não dissuadiu os seus fervorosos crentes, continuando a defender teorias progressivamente mais elaboradas até à sua morte.
Após o encontro em Dallas, acompanhado por um grupo rotativo de seguidores, o líder passou 18 meses a percorrer os Estados Unidos para participar nos vários comícios de Donald Trump.
As despesas do líder durante esses meses terão sido pagas pelos seus seguidores, que abandonaram as suas famílias e gastaram todas as suas poupanças para os seguir, de acordo com informações divulgadas pela Vice, no mesmo mês.
Protzman já tinha informado os seus seguidores de que Trump comunicava com ele durante os comícios por meio de um código secreto, que só o líder entendia e que o derradeiro objetivo do culto é o regresso de Donald Trump à política e ao poder.
Uma das primeiras devotas de Protzman, Shelly Mullinax, afirmou que, apesar da sua relação conflituosa com o falecido líder, mantém a sua convicção de que os Kennedy regressarão, acrescentando que acreditava que o verdadeiro Protzman (que para ela é secretamente JFK Jr., com uma máscara muito realista) estava vivo e que apenas “a versão maléfica” dele tinha morrido.
“Se esse era o plano que Deus tinha para ele, sei que tudo será revelado em breve”, disse ainda Mullinax.