Era um rapaz extrovertido e brincalhão, o filho mais novo do rei D. Carlos, infante D. Manuel. “Não tinha o peso de ser o herdeiro do trono, nem todos os olhos postos sobre ele”, ao contrário do irmão, príncipe Luís Filipe, cerca de dois anos mais velho, diz Maria de Jesus Monge, historiadora e diretora do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança. Quando lhe tiravam fotografias, Manuel teatralizava poses altivas, para divertimento da família. E dava-se à rebeldia de não esconder o seu desagrado, se fosse repreendido por alguém. “Não gostava que o chamassem à atenção”, reforça Maria de Jesus Monge.
Mas não era mandrião, longe disso. “O infante D. Manuel revelou desde cedo particular apetência pelas disciplinas humanistas, sobretudo História e línguas – francês, inglês, alemão, latim e grego”, conta aquela historiadora. “Ramalho Ortigão, diretor da Biblioteca da Ajuda, deixou registo do interesse que D. Manuel demonstrava pelos fundos antigos e Júlio de Castilho menciona a paixão juvenil pela História”, sublinha Maria de Jesus Monge. Aprendeu também a tocar piano, com Alexandre Rey Colaço, de quem recebeu as lições com muito gosto. E proveito: o infante, que se tornaria um melómano, deliciava-se a tocar os históricos órgãos de tubos da Basílica de Mafra.