As imagens de mulheres e homens perfeitos, criadas por Inteligência Artificial com base nos ideais de beleza das redes sociais, são “largamente irrealistas” e “fortemente sexualizadas”, quando comparadas com as geradas a partir de imagens encontradas no resto da Internet.
Estas são as grandes diferenças identificadas por uma organização dedicada a perturbações alimentares, como a bulimia e a anorexia, numa pesquisa realizada para tentar responder às perguntas: Qual será o corpo ideal a ser promovido por milhões de imagens nas redes sociais? E quão distorcido será da realidade?
É sabido que a edição das imagens publicadas em redes sociais como o Instagram ou o Snapchat, com filtros e outras alterações que melhoram a aparência e ampliam a beleza (artificial), cria referências irrealistas para os utilizadores, levando a problemas de autoestima e até a estados depressivos, sobretudo nos jovens, quando não se sentem à altura das expectativas.
Sem possibilidade de questionar diretamente as redes sociais, o The Bulimia Project usou três conhecidos geradores de imagens com recurso a Inteligência Artificial para satisfazer a curiosidade. Em resposta, verificou uma tendência, no caso da mulher perfeita, para uma figura loira, de olhos castanhos, pele bronzeada e cintura estreita, por vezes com abdominais definidos. Já no caso do homem ideal, os resultados mostraram uma prevalência de cabelo e olhos castanhos, quase metade com algum tipo de barba, e todos sem exceção com peitorais e abdominais bem esculpidos.
O mesmo padrão já não surgiu quando os geradores de imagens utilizados para o efeito (Dall-E 2, Stable Diffusion e Midjourney) foram chamados a mostrar a beleza ideal a partir de imagens disponibilizadas no resto da Internet – excluindo, portanto, as redes sociais. “A principal diferença”, dizem os autores da pesquisa, é que as imagens de perfeição criadas a partir das redes sociais apresentam “um cariz sexual muito maior”, além de serem “mais inquietantes, com várias partes do corpo muito desproporcionais”.
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Em conclusão, o The Bulimia Project escreve: “Tendo em conta que os algoritmos das redes sociais são baseados em conteúdos que são vistos por mais tempo, é fácil perceber porque é que os desenhos de Inteligência Artificial são mais sexualizados. Mas, para início de conversa, só podemos assumir que a razão pela qual a Inteligência Artificial gerou tantos corpos com formas estranhas, a partir das redes sociais, é porque estas plataformas promovem tipos de corpos irrealistas.”
O conselho que deixam é para os seus utilizadores baixarem à terra. “Numa era de filtros de Instagram e Snapchat, ninguém consegue alcançar os padrões de beleza física estabelecidos pelas redes sociais. Então, para quê tentar alcançar esses ideais irrealistas? É mais saudável física e mentalmente manter as expectativas ajustadas à realidade.”