Um grupo de investigadores está a tentar explorar a base cerebral das habilidades excecionais de memória em pessoas autistas e neurotípicas [não possuem nenhuma neurodivergência] e, para isso, convidam todos os que consideram ter esta capacidade para responder a um inquérito e fazer um teste online, com jogos. Alguns dos melhores resultados serão convidados a ir à Universidade de Cambridge.
“Os traços autistas e as habilidades excecionais de memória geralmente ocorrem juntos, mas este facto não recebe muita atenção nas investigações. As habilidades excecionais de memória podem ser para números, palavras, formas, música, etc. Essas diferentes habilidades de memória podem ocorrer juntas e podem estar relacionadas entre si na forma como o cérebro realiza essas tarefas”, lê-se na apresentação do estudo.
O que se pretende é investigar os tipos de habilidades excecionais de memória e se há alguma relação entre essas habilidades e o cérebro em pessoas que têm memória excecional em comparação com pessoas que têm memória normal. Além disso, querem explorar se as pessoas autistas com estas habilidades de memória têm padrões únicos de conexões cerebrais, em comparação com pessoas neurotípicas com habilidades excecionais de memória.
Carrie Allison, do centro de pesquisa de autismo de Cambridge, espera que o projeto os ajude a “entender mais sobre a memória e se a memória excecional está relacionada ao autismo”. “Durante décadas, a pesquisa sobre o autismo concentrou-se na deficiência, mas este estudo é uma oportunidade maravilhosa para focar nos pontos fortes”, disse ela.
O teste, que pode ser feito neste link, quer analisa a destreza de todos os que têm entre 16 e 60 anos.
O estudo tem duas fases: a primeira é a realização de atividades de memória online – são três tarefas e antes de cada uma há um tutorial. Cada pessoa terá três tentativas em cada tarefa, mas cada vez que cometer um erro, o nível de dificuldade diminuirá. Estas tarefas ajudam a perceber quem segue para a Fase 2. Depois de concluir, existem ainda três questionários curtos. Um desses questionários – o Autism Spectrum Quotient (AQ) – mede o número de traços autistas que um indivíduo possui, não sendo um diagnóstico, apenas um medidor. A Fase 1 do estudo levará entre 15 a 35 minutos.
Para a fase 2 já segue apenas uma parte dos participantes. Nesta parte pede-se aos inquiridos para realizarem uma ressonância magnética e responderam a questionários que perguntam sobre as habilidades de memória, interesses, entre outros.
Depois disso, os dados anónimos recolhidos serão analisados e as conclusões serão escritas em relatórios, trabalhos académicos, publicados em revistas e apresentados em conferências. Os dados apresentados serão anónimos e não será identificado como pessoa singular. Os resultados serão apresentados em termos de grupos de indivíduos.
A investigação será conduzida pelo Autism Research Centre, Department of Psychiatry, University of Cambridge, em colaboração com o professor Adrian Owen da Cambridge Brain Sciences – CBS (também conhecido como Creyos).