Desde há alguns anos que não há “prémio revelação” na Justiça portuguesa. Os suspeitos, sejam meros arguidos ou formalmente acusados de crimes, são sempre os mesmos, arrastando-se pela morosidade dos tribunais. O ano de 2023 não será diferente: esperam-se, contudo, pequenas novidades, com as acusações no caso de Joe Berardo/CGD e num dos três inquéritos relativos a negócios do futebol, o Cartão Vermelho, Prolongamento e Fora de Jogo. Em banho-maria continuarão processos como Banco Espírito Santo e Operação Marquês, emperrados, por razões diferentes, na máquina judicial. Estes são, então, os casos que devem marcar o próximo ano.
“E-Toupeira”, primeira decisão
É, precisamente, com futebol que 2023 vai arrancar: a leitura do acórdão do tribunal judicial de Lisboa, inicialmente marcada para novembro, mas, entretanto, reagendada para 9 de janeiro. Paulo Gonçalves, antigo assessor do conselho de administração da Benfica SAD, está acusado de 29 crimes: corrupção ativa, violação do segredo de justiça, acesso indevido e violação do sigilo. José Silva, ex-funcionário judicial, responde por 76. O tribunal vai decidir se o oficial de justiça passou ou não informação confidencial dos tribunais a troco de ofertas de bilhetes e merchandising do Benfica.