Este ano, com tantas preocupações financeiras, em como poupar dinheiro, seja na fatura da eletricidade, seja na conta do supermercado, importa também economizar nas decorações natalícias e manter o pensamento sobre a sustentabilidade da quadra. Começando desde logo pela escolha da árvore de Natal.
Segundo um inquérito feito pela Klarna, serviço de banca de retalho, pagamentos e compras a nível mundial, com respostas de mais de 17 mil consumidores, de 17 países em três continentes, incluindo o nosso País, a maioria dos portugueses (87%) começa a pensar no Natal através da decoração da casa, mas só 27% tem preocupação em reduzir o consumo energético das iluminações.
Mas há poupança nas compras, com 54% a responder que não irá comprar novos adereços natalícios e 45% a dizer que vão usar os adereços de outros anos.
Por cá, a árvore de Natal é quase na totalidade (92%) artificial, contra 11% que vão utilizar uma árvore natural. Número bastante inferior, comparado com os cerca de oito milhões de árvores verdadeiras que as famílias britânicas pretendem adquirir e as mais de 30 milhões de árvores compradas pelos americanos.
De acordo com a empresa Outdoor Happens, em média, a árvore de Natal que se expõe na sala de estar levou cerca de quatro a cinco anos para crescer até cinco metros de altura.
“A escolha da árvore de Natal mais sustentável varia de acordo com as circunstâncias. Para quem já tem uma árvore artificial, é melhor continuar a usar essa em vez de comprar uma nova. Ao reutilizar as mesmas decorações ano após ano, o desperdício desnecessário também pode ser reduzido ao mínimo”, sublinha Clare Oxborrow, analista sénior de sustentabilidade da Friends of the Earth ao jornal The Guardian.
Segundo o Carbon Trust, uma árvore de Natal artificial, com cerca de 1,80 metros de altura, é responsável por cerca de 40 quilos de emissões de gases com efeito de estufa – o que significa que é preciso reutilizá-la durante cerca de dez Natais para manter o seu impacto ambiental menor do que comprar uma árvore natural todos os anos, dependendo dos materiais usados na árvore artificial.
Cerca de dois terços da pegada de carbono de uma árvore artificial é o plástico, principal matéria-prima de que é feita. No caso de ser mesmo necessário comprar uma árvore de plástico, preferir uma feita de materiais reciclados ou usados é a melhor opção.
Os preços variam bastante e podem interferir na escolha. Na loja da marca sueca Ikea, uma árvore artificial, com cerca de dois metros de altura, pode custar €64 ou €109; e uma de 1,60 metros, €32 ou €79, por exemplo.
No caso de se estar cansado da árvore de plástico, pode-se sempre dá-la a outra pessoa que a use, e no caso de já estar danificada deve ir para o lixo indiferenciado e não para o ecoponto amarelo, do plástico e do metal.
Para quem quiser comprar um pinheiro verdadeiro, a forma mais sustentável passa por escolher um exemplar cultivado o mais próximo de casa possível. Procurar um produtor local que tenha as árvores plantadas o mais perto possível, para que a distância percorrida no seu transporte seja a menor possível.
É importante que também não seja proveniente de práticas de desflorestação, mas podem ter sido cortadas para manter o terreno limpo e prevenir incêndios. Para os proprietários de terrenos amplos, podem comprar um pinheiro em vaso e passada a quadra natalícia plantar a árvore na terra. A madeira do tronco pode ser aproveitada como biomassa e ser usada na lareira ou ser entregue ecocentro.
Na florista Flores no Cais, com sede no Montijo, os pinheiros naturais vão desde €90 (1,50 a 1,70 metros) a €120 (2 metros), por exemplo.
Recentemente, o aluguer de árvores de Natal passou a ser uma opção deveras sustentável a ter em conta. Em Portugal, o Pinheiro Bombeiro, iniciativa de cariz social, já ganhou fama e adeptos. Alugando um pinheiro, e os respetivos enfeites de madeira, as pessoas estão a ajudar os bombeiros voluntários nacionais.
Dos €25 do preço do aluguer, €5 revertem para os bombeiros voluntários, em material profissional e em falta.
Esta iniciativa, que vai na sexta edição, ajuda a prevenir incêndios e dá uma segunda vida aos pinheiros que, na verdade, iriam ser cortados para manter os terrenos limpos em zonas de difícil acesso florestal.
No final do aluguer, o pinheiro é transformado em biomassa e as pessoas podem entregá-lo nos ecopontos de resíduos verdes ou utilizá-lo como lenha, contribuindo assim, para uma economia circular e para a diminuição da produção de lixo.