A presidente do Conselho de Deontologia de Lisboa (CDL) da Ordem dos Advogados, Alexandra Bordalo Gonçalves, vai apresentar queixa ao Conselho Superior daquela Ordem contra Luís Menezes Leitão, depois de considerar que o bastonário dos advogados tem vindo “a condicionar” o exercício do seu mandato “com fins eleitorais”.
Alexandra Bordalo Gonçalves anunciou a decisão, esta tarde, durante o plenário do CDL, depois de Luís Menezes Leitão ter apresentado um pedido para que não fosse a presidente do CDL a julgar a participação disciplinar que o próprio apresentou contra o diretor da Polícia Judiciária, Luís Neves, na sequência das declarações em que este, em entrevista ao Observador, acusou os advogados de fazerem “terrorismo judiciário” por, alegadamente, “recorrerem a expedientes dilatórios que arrastam processos”.
Recorde-se que Alexandre Bordalo Gonçalves e Menezes Leitão têm protagonizado um braço-de-ferro, uma vez que têm entendimentos diferentes quanto à forma como deveriam ter sido nomeados os três vice-presidentes para o atual mandato do CDL. Este processo também corre no Conselho Superior, arriscando colocar em causa a legalidade das decisão já tomadas por aquele órgão disciplinar, desde 2020.
Em comunicado, Alexandra Bordalo Gonçalves – que se diz perseguida, há três anos, por Menezes Leitão – divulgou que, “perante a suspeição levantada pelo bastonário”, decidiu fazer hoje duas coisas: “apresentar queixa” contra o bastonário no Conselho Superior da Ordem dos Advogados e declarar-se impedida de julgar o diretor da PJ “para salvaguardar a imagem do CDL”, órgão que, segundo a própria, “o bastonário pretende descredibilizar”.
A participação do bastonário da Ordem dos Advogados contra Luís Neves – que antes de ingressar na PJ se dedicou à advocacia (tem a inscrição na Ordem suspensa desde 1995) – será agora julgada pelo primeiro vice-presidente do CDL, Ricardo Saldanha.