“Muito interessante”; “top”; três, quatro, cinco estrelas. Estas são algumas avaliações partilhadas por (supostos) clientes do bar de alterne Check-in, situado em Agualva-Cacém, Sintra. Foi neste estabelecimento de diversão, tendencialmente noturna, que na primavera de 2016 se sentaram, na mesma mesa, o advogado, o condenado a nove anos de prisão efetiva e o procurador que o tinha acusado noutro processo. O primeiro de alguns encontros que, no início deste mês, foi fortemente censurado por um coletivo de juízes do Tribunal de Sintra, condenando, agora num processo por suspeitas de tráfico de droga, dois dos intervenientes por tentativa de corrupção ativa.
O motivo do encontro entre os três, organizado por Edgar Pires, dono do estabelecimento, segundo relatou à Polícia Judiciária o advogado Ricardo Alves, passaria por obter a colaboração do procurador Carlos Figueira para evitar o trânsito em julgado da condenação a uma pena única de nove anos de cadeia por dez crimes de recetação, sete de falsificação de documentos e quatro crimes de burla qualificada. O ambiente, continuou o advogado, ficou um pouco estranho, já que Carlos Figueira “se desculpou a Carlos Gonçalves por o ter acusado” noutro processo com ligação, o que resultou em condenação. “O próprio Carlos ficou constrangido com o pedido de desculpas”, descreveu Ricardo Alves, outro dos condenados por corrupção ativa, juntamente com Pedro Baleizão.