Dezoito dias. Dezoito dias na escuridão, quase sem água e quase sem comida. “Havia momentos em que sentia que não conseguia respirar”, conta Alla. Esta mulher ucraniana de 44 anos, mãe de dois adolescentes, passou 18 dias numa cave escura, juntamente com a mãe e a tia, na cidade de Chernihiv, na região nordeste da Ucrânia. Os filhos, de 12 e 18 anos, estavam a salvo, em casa de familiares do seu ex-marido, na Lituânia.
A fuga do país – primeiro de automóvel, a seguir de autocarro – fez-se debaixo de bombardeamentos. “Pensei que seria a última viagem da minha vida e que não voltaria a ver os meus filhos”, confessa, num inglês esforçado. Alla conseguiu chegar a salvo à Polónia e, depois, à Alemanha, onde reencontrou a filha e o filho, ao fim de um mês de separação. Apesar do desespero, lembrou-se de um sonho antigo: viver ao pé do mar. E veio para Portugal.