Quando Joana Leitão de Barros começou a ler aqueles papéis guardados há décadas nuns armariozinhos do escritório de Veva de Lima que chegou a ter vista para o Tejo, percebeu logo estar perante uma mulher fora do comum. “Foi o que me fez querer contar a sua história”, recorda. “Mesmo hoje, ela seria uma mulher excecional porque é de uma sensibilidade enorme, mas tem um outro lado em que é estratega. Daria uma excelente política.”
A biógrafa não esquece esse dia em que mergulhou pela primeira vez nos pensamentos dispersos, rascunhos vários e até apontamentos típicos de uma dona de casa diligente doutros tempos deixados por Genoveva de Lima Mayer Ulrich (1886-1963), um acervo que estava no seu famoso palacete das Amoreiras e que nunca tinha sido consultado. Ou quando, mais tarde, imersa na sua correspondência, confirmou a qualidade da sua escrita e compreendeu por que razão ela ambicionava ser reconhecida como escritora.
