Os passos lentos e arrastados de Leonel Jacinto, 74 anos, por um passeio inacabado, levantam ao seu redor uma nuvem de poeira branca. À sua frente segue a mulher, Natércia Jacinto, 72, mais enérgica, que naquela tarde teimou com o marido em ir colher um saco da nespereira que ainda resiste, carregadinha, na antiga (e abandonada) propriedade da família, usada e apreciada, numa vida passada, pelas pessoas da terra como tasca e alambique.
A aldeia da Muda, em Grândola, é um pequeníssimo ponto de passagem, atravessado pela Estrada Nacional 261-1, entre a Comporta e Grândola, sem especiais motivos de interesse, mas que, por estes dias, vive a azáfama do vaivém constante de camiões e trabalhadores, como se o lugar não fosse mais do que um estaleiro de obra em curso, e em constante transformação.
