Já não é a primeira vez que o antigo casal enfrenta um processo de difamação um contra o outro. Johnny Depp está a processar Amber Heard por um artigo de opinião que escreveu para o The Washington Post que foi publicado em 2018, dois anos após o divórcio, em 2016.
No artigo escrito pela atriz e embaixadora dos direitos das mulheres na American Civil Liberties Union lê-se: “Há dois anos tornei-me uma figura pública, representando a violência doméstica, e senti toda a força da ira da nossa cultura pelas mulheres que se manifestam”. Apesar de nunca ter mencionado o nome de Johnny Depp, os seus advogados dizem que ela não precisava porque, dadas as suas alegações anteriores e as datas mencionadas, era “óbvio sobre quem ela estava a falar”.
Desde então, o ator sempre negou as alegações de abuso e fê-lo pela primeira vez durante o julgamento esta terça-feira, quando começou o julgamento. Antes do artigo, Amber Heard já tinha acusado publicamente Johnny Depp de a agredir. Johnny Depp pede agora uma indemnização de 50 milhões de dólares (46 milhões de euros) por difamação.
No sexto dia de julgamento, esta quarta-feira, Johnny Depp disse em tribunal que Heard estava constantemente a referir-se a ele como “pai mau, pai terrível, pai horrível” e que, por isso, ele não tinha ideia de como ser um pai. Além disso, o ator afirmou que no relacionamento parecia haver um “ódio puro” por ele e que muitas vezes isso “escalava em violência”. Quando lhe pediram para explica melhor, Depp referiu que Heard, perante a sua “frustração” e “raiva”, acabava por “atacar”, podendo começar com uma chapada ou um empurrão, “um comando da TV na cabeça” ou um “copo de vinho na cara”.
Questionado sobre o motivo de ter ficado com Amber Heard, o ator disse que “queria tentar fazer com que as coisas funcionassem”. “Achei que talvez pudesse ajudá-la”, afirmou. “Fiquei porque é claro que não queria falhar, não queria magoar ninguém, especialmente ela. Não lhe queria partir o coração.”
Na sessão anterior, Johnny Depp já tinha garantido que as alegações de Amber Heard eram perturbadoras e “sem qualquer tipo de fundamento”. “A verdade é a única coisa na qual estou interessado”, afirmou ao júri no Tribunal do Condado de Fairfax, em Virgínia, perto de Washington. “As mentiras não levam a lado nenhum, mas geram mais e mais mentiras. Eu estou obcecado com a verdade.”
Quando questionado sobre o que o levou a processar a ex-mulher, o ator garantiu que foi pelos seus filhos. “Era minha responsabilidade defender-me, não apenas por mim, mas também pelos meus filhos”, respondeu. “Queria limpar os meus filhos dessas coisas horríveis que eles tinham que ler sobre o pai, que não estavam corretas”, acrescentou.
Além disso, falou sobre os tempos de infância e como sofreu maus-tratos por parte da mãe. “Podia ver quando ela estava prestes a ficar muito irritada e que alguém ia acabar por levar. Geralmente era eu”, afirmou o artista.
Sobre as drogas, Johnny Depp disse que o que consumia de drogas e álcool ao longo dos anos nunca foi “para a festa”, mas sim para se afastar dos “fantasmas” da juventude, acrescentando que começou a usar drogas quando tinha apenas 11 anos, tomando “comprimidos para os nervos”, que eram da mãe, para “escapar de sentir tanto”. “Eu não sou um maníaco que precisa estar drogado o tempo todo”, afirmou em tribunal.
Durante todo o tempo de testemunho do ex-marido, Amber Heard ficou em silêncio. Durante o processo, vão testemunhar mais pessoas: os atores James Franco e Paul Bettany e Elon Musk vão comparecer virtualmente na sessão. Presencialmente, espera-se que falem também os representantes da Walt Disney Company, Warner Bros e do Departamento de Polícia de Los Angeles, bem como familiares, seguranças, assistentes e outros que trabalharam com o ex-casal.