No dia 8 de janeiro, o centro médico da Universidade de Maryland, nos EUA, fez história ao realizar com sucesso o transplante de um coração de porco para um humano. O coração, geneticamente modificado, poderá salvar a vida a David Bennett, 57 anos, inelegível para um transplante humano e sem mais opções para poder sobreviver.
Agora, veio à tona um caso que envolveu Bennet há mais de 30 anos: em abril de 1988, o homem foi acusado de esfaquear sete vezes Edward Shumaker, na altura com 22 anos, nas costas, deixando-o paralisado, contou a irmã, Leslie Shumaker Downey, no programa Today da BBC. De acordo com Downey, o ataque deveu-se a uma cena de ciúmes, quando a mulher de Bennett se sentou no colo de Shumaker.
O homem foi considerado culpado de agressão e porte de arma, tendo sido condenado a 10 anos de prisão. Já Shumaker ficou preso a uma cadeira de rodas depois do ataque. Morreu em 2007, dois anos depois de ter sofrido um AVC.
Segundo Downey, Bennett não foi um digno merecedor do coração que recebeu, devido ao que fez ao seu irmão. “Estão a falar do Bennett em todo o lado, a retratá-lo como um herói e um pioneiro, mas ele não é nada disso”, afirmou.
Em resposta a estas declarações, a equipa médica que realizou a cirurgia, que durou cerca de sete horas, afirmou ao The New York Times que os valores éticos e morais devem prevalecer, sendo “a obrigação solene de qualquer hospital ou organização de saúde fornecer cuidados que salvam vidas a todos os doentes que entram pelas suas portas com base nas suas necessidades médicas”.
Além disso, referiram que o passado criminoso de uma pessoa não pode ser um motivo para recusar seja que tratamento for, ideia que é também defendida pela Organ Procurement and Transplantation Network, organização que gere a lista de espera de transplantes nos EUA.
Bennett está neste momento a recuperar da cirurgia, tendo sido este transplante considerado a última esperança para salvar a sua vida. Apesar disso, ainda não se sabe ao certo quais são as suas hipóteses de sobrevivência a longo prazo.