Pudemos vê-lo na televisão, no cinema e no teatro. Rogério Samora, que completou 63 anos em outubro, morreu esta quarta-feira, depois de, a 20 de julho, ter sofrido uma paragem cardiorrespiratória enquanto gravava a novela Amor Amor, na qual interpretava a figura de Cajó. Esteve em coma quase cinco meses, 146 dias.
Nesta segunda-feira, Rogério Samora tinha sido transportado para o Hospital Amadora-Sintra “para ser observado devido a uma febre alta persistente por causa de uma infeção e estava com prognóstico reservado”.
António Costa, o primeiro-ministro, escreve no twitter uma mensagem de apoio: “Recebo a triste notícia de que nos deixou Rogério Samora, um dos mais destacados atores portugueses”, recordando “entre outras que ficam na história do cinema português, recordo a sua interpretação em “O Delfim”, de Fernando Lopes. Deixo as mais sentidas condolências à sua família e amigos”.
“A morte precoce de Rogério Samora, um dos mais carismáticos atores da sua geração, é uma grande perda para os seus familiares e amigos, mas também para o público português de teatro, cinema e televisão, que nele encontrou, há décadas, um intérprete de eleição”, refere Marcelo Rebelo de Sousa, através de uma nota publicada no site da Presidência. O chefe de Estado considera “uma presença forte, afirmativa, um ator que deixou marca, em particular no registo por natureza mais perene, que é o do cinema”. “O que permitirá às gerações futuras entender a admiração e a estima que por ele tiveram os espectadores do nosso tempo”, defende também.
A Ministra da Cultura, Graça Fonseca, escreveu também na rede social twitter que “lamenta profundamente a morte do ator Rogério Samora”. “Numa carreira que o tornou uma presença permanente junto do público português, seja no teatro, no cinema ou na televisão, o talento de Rogério Samora fê-lo destacar-se como um dos mais completos atores da sua geração”, lê-se. “Na sua voz e nos seus gestos, as complexidades, os matizes e as contradições da natureza humana ganhavam uma dimensão única, que o público português e os seus pares sempre reconheceram.”
A onda de solidariedade para com a família e amigos do ator está a espalhar-se pelas redes sociais, com fotografias e frases de Rogério Samora. A atriz Rita Loureiro recordou, em entrevista à Sic Notícias, o coração e bondade “enormes” de Rogério Samora, lamentando a morte de um “grande amigo”. “Temos que celebrar a sorte que tivemos em ter um artista como ele neste país. Ele deu muito à sua arte, entregou-se sempre com alma e coração, com uma generosidade incrível.”
Também Carolina Loureiro escreveu no Instagram: “Faltam-me as palavras…serás eterno no meu coração”, publicando uma fotografia com o ator. O mesmo fez Lourenço Ortigão com as palavras “um aplauso de todos nós para ti Rogério, de pé”.
O ator tinha 40 anos de carreira, com um percurso marcado pela participação em dezenas de telenovelas e outras produções televisivas, como “Nazaré” e “Mar Salgado”, da SIC, “Flor do Mar” ou “Fascínios”, da TVI, depois de se ter estreado em televisão na RTP, em 1982, em “Vila Faia”, escreve a agência Lusa. O percurso de Rogério Samora teve, porém, início no teatro, na antiga Casa da Comédia, e apresenta alguns dos seus mais importantes papéis no cinema, em filmes de Fernando Lopes e de Manoel de Oliveira.
Nascido em Lisboa, em 28 de outubro de 1958, fez o curso de Teatro do Conservatório Nacional, e estreou-se no final da década de 1970, na peça “A Paixão Segundo Pier Paolo Pasolini”, de René Kalisky, levada a cena na Casa da Comédia, sob a direção de Filipe La Féria. O desempenho valeu-lhe o seu primeiro prémio, em 1981, o de Ator Revelação, da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.