Sabemos o que se passou no último Natal. O Governo permitiu as consoadas familiares, mas ao mesmo tempo alertou para os enormes riscos de infeção pelo SARS-CoV-2 em tais ajuntamentos. Para o filósofo e teólogo José Rui Teixeira, o Executivo, “de certo modo, delegou, ou quase imputou, um estoicismo à generalidade da população”, que “só alguns conseguiram consciencializar”. Resultado: os casos de Covid-19 dispararam, o confinamento rígido voltou e, em janeiro seguinte, a doença causava mais de 200 mortes diárias.
Tivemos naquela altura um episódio da pandemia com “uma densidade ética muito grande”, e “os estoicos foram aqueles que abdicaram de estar com os seus, de ter esse momento tão bonito que é o convívio familiar numa época como o Natal, pensando num bem maior” – a proteção contra o SARS-CoV-2, acrescenta o também especialista do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião, da Universidade Católica.