As imagens da Lua enviadas pelas missões Apollo, nos anos 1960 e 1970, mostravam um ambiente que parecia seguro para o ser humano. Mas a verdade é que a NASA não fez propriamente medições diárias de radiação, algo que ajudaria a quantificar o tempo que as tripulações podem permanecer na Lua. É esse dado que uma equipa de cientistas chineses e alemães acaba de revelar, resultado das experiências da Chang’e 4. Trata-se da missão que levou pela segunda vez uma sonda chinesa até solo lunar.
“A radiação na Lua é mais de duas vezes superior à que se sente na Estação Espacial Internacional (EEI)”, assumiu já Robert Wimmer-Schweingruber, um astrofísico da Universidade de Kiel, citado pela AFP, a propósito da investigação publicada pela Sciences Advances. “Isso limita a estada a um máximo de dois meses”, acrescentou. Para depois sublinhar que é ainda preciso tomar em consideração a exposição durante as duas semanas de viagem necessárias para ir e voltar.
Abrigos, precisam-se
Existem, já se sabe, várias fontes de exposição à radiação. Entre elas, contam-se os raios cósmicos de fora do sistema solar; eventos esporádicos de partículas solares (vindas das erupções solares) e também de raios gamas, resultado da interação entre a radiação espacial e o solo lunar. Agora, o que estes investigadores apuraram foi que a exposição à radiação na Lua é de 1 369 microsieverts por dia. E que isso significa um valor cerca de 2,6 vezes superior à dose diária na EEI.
São valores que assumem agora uma enorme importância, dados os planos anunciados de retomar as missões tripuladas à Lua até 2024 – e manter lá uma presença a longo prazo. A alternativa, remata Wimmer-Schweingruber, será construir abrigos que possam proteger os astronautas daqueles níveis de radiação.