Numa mensagem divulgada ao início da tarde, Ulisses Correia e Silva começa por lamentar as perdas materiais e os danos provocados pelas fortes chuvas que caem desde a madrugada na capital cabo-verdiana, bem como a morte do bebé de seis numa das enxurradas na Praia.
“Aproveito para pedir precaução à população no sentido de não porem as próprias vidas em perigo, uma vez que a previsão aponta para a continuação de chuvas fortes, acompanhadas de vento, cheias e inundações, pelo que não convém ficar à beira de ribeiras, em cima de pontes, e outros riscos. Em segundo lugar, evitar situações que provoquem aglomeração por causa da situação de pandemia [de covid-19”, declarou o chefe do Governo.
Ulisses Correia e Silva, que estava fora de Santiago numa ação de pré-campanha eleitoral para as autárquicas de 25 de outubro, acrescentou que volta ainda hoje à Praia e que se reúne no domingo do Gabinete de Crise do Governo para “acompanhar mais de perto toda a situação e tomar as medidas necessárias e urgentes”.
“Estamos a fazer o levantamento daquilo que são os estragos para mobilizar os recursos importantes e repor o mais breve possível a normalidade”, garantiu.
Além de Santiago, sobretudo na Praia, Ulisses Correia e Silva refere que também a ilha de Santo Antão sofreu “alguns estragos na decorrência das últimas chuvas”.
“A Proteção Civil, Militares e Forças Policiais estão no terreno para atender as pessoas, e qualquer situação de risco a população deve acionar essas autoridades”, assumiu.
As fortes chuvas que caem desde a última madrugada na Praia provocaram a morte de um bebé, várias cheias, desmoronamentos e destruição de viaturas e edifícios, segundo a proteção civil.
Ao final da manhã várias ruas permaneciam intransitáveis, sobretudo nas zonas mais baixas da cidade, com centenas de populares a concentrarem-se no exterior, com estruturas e vias de comunicação em risco.
Segundo o presidente do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, Renaldo Rodrigues, numa das enxurradas morreu um bebé de seis meses, que se encontrava em casa com a mãe e um irmão.
As cheias afetam os bairros do Paiol, Lém Cachorro, Calabaceira e Pensamento, na Praia, mas também noutros pontos da ilha de Santiago.
“Não diria que a situação é caótica, mas que inspira alguns cuidados. Temos dezenas de pessoas em zonas de risco, em várias localidades, que têm de ser realojadas de imediato”, descreveu à Lusa Renaldo Rodrigues.
O arquipélago de Cabo Verde está desde a última madrugada sob a influência de uma onda tropical que poderá transformar-se em depressão tropical, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG).
As previsões apontam que a onda tropical atinja o país até segunda-feira, estando associada a uma larga área de convecção produzindo aguaceiros e trovoada.
O instituto cabo-verdiano adiantou que o sistema está localizado junto à costa da Guiné Bissau, desloca-se com uma velocidade de 30 km/h e tem cerca de 70% de probabilidade de se transformar em uma depressão tropical.
“Durante a sua passagem condicionará o estado do tempo nas ilhas”, referiu o INMG, que prevê ainda chuvas de intensidade variável e possibilidade de trovoadas, intensificação do vento e agravamento significativo do estado do mar.
Depois de três anos consecutivos de seca, com chuvas irregulares e insuficientes, desde meados de julho que a chuva voltou a cair com alguma frequência em algumas ilhas de Cabo Verde.
PVJ // HB