Após 50 dias sem novos casos de infeção pelo novo coronavírus, os alarmes voltaram a soar na China, que está agora preocupada com Pequim. As restrições nas viagens de e para a capital chinesa foram de novo impostas e os moradores de algumas zonas têm de justificar às autoridades locais de saúde pública o motivo da deslocação; os táxis estão proibidos de levar pessoas para fora da cidade e outros transportes públicos, como comboios, autocarros e metro, têm limitações no número de passageiros. A suspensão do regresso às escolas primárias no início desta semana e a reposição de medidas de distanciamento físico e social são sinais de um clima de medo perante a possibilidade de uma segunda vaga da pandemia.
Desde a passada sexta-feira, 12, Pequim diagnosticou 106 novos casos, após um surto ter sido detetado no principal mercado abastecedor da capital chinesa, Xinfadi. Mais de 20 bairros foram novamente colocados em quarentena e são mais de cem mil os funcionários encarregados de supervisionar 7 120 comunidades próximas de Xinfadi. Em toda a capital, os mercados estão a ser inspecionados e testados para a Covid-19. O distrito de Chaoyang terminou o teste de 46 mercados de alimentos até o meio-dia de segunda-feira, 15, e todas as amostras processadas até agora deram resultado negativo.
Os próximos dois dias serão cruciais para controlar o mais recente surto de Covid-19, de acordo com o principal epidemiologista da China, já que o país registou mais 32 casos relacionados ao cluster do mercado abastecedor de Pequim: 27 em Pequim, quatro na província de Hebei e uma em Sichuan (uma mulher que viajou de Pequim para a capital da província Chengdu no voo HU7147, confirmou estar infetada). Há também outros dois casos suspeitos e mais uma dezena que tiveram resultados positivos, mas continuam assintomáticos.
“As medidas em Pequim são oportunas e eficazes. Aqueles que estão infetados podem apresentar sintomas nos próximos dois dias. Se o número de casos notificados não aumentar muito, pode dizer-se que a epidemia estabilizou”, disse Wu Zunyou, epidemiologista chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, à emissora estatal CCTV.
Todos os casos apontaram o mercado de Xinfadi como a única fonte, o que significa que não causou transmissão generalizada. Também não houve agrupamentos familiares ou infeções cruzadas entre pacientes e visitantes do hospital, como ocorreu na cidade central de Wuhan, acrescentou Wu Zunyou. Mas o especialista alertou também que pode haver surtos semelhantes no futuro. “Comparando a localização dos surtos em Pequim e a localização da ocorrência inicial em Wuhan, este será o último? Haverá um terceiro e um quarto surtos parecidos no mercado?”.
Em Xangai, de acordo com autoridades locais, a cidade inspecionou 87 mercados com alimentos importados desde o passado fim de semana e todas as 1 205 amostras recolhidas apresentaram resultado negativo para o novo coronavírus. Segundo Wu Jinglei, diretor da comissão de saúde local, a cidade poderia fazer 70 mil por dia, uma capacidade que seria aumentada para 90 mil antes do próximo mês. Os testes serão realizados pelas 67 instituições médicas e 17 clínicas administradas pelo centro de prevenção e controlo de doenças de Xangai. Testar, testar, testar – uma lema que irá perdurar. Até hoje a China contabilizou 83 221 casos, 4 634 mortes e 78 377 doentes recuperados.