Recentemente, usou um vestido com um padrão que simulava que tinha levado um tiro. Há uns tempos, foi censurada no Instagram por dar o peito pela campanha #freethenipple. No julgamento do presidente da Libéria, Charles Taylor, acusou-o de lhe ter oferecido “pedras que pareciam sujas”, como quem diz, diamantes de sangue. Mas, a seu favor, diga-se que também lançou o projeto Fashion For Relief. E esteve num campo de refugiados na Jordânia, para dar início a uma parceria com a Save The Children.
Polémica q.b, parece impossível ficar-lhe indiferente. Até mesmo quando um desfile lhe corria mal isso se virava a seu favor. Foi o que aconteceu a seguir a ter caído durante a passagem de modelos de Vivenne Westwood, em 1993. Naomi sentiu-se envergonhada. Mas o caso deu tanta visibilidade à marca que outros designers não se coibiram em pedir-lhe que caísse… de propósito!
Uma mistura (explosiva!) de traços jamaicanos e chineses
Naomi Elena Campbell, de seu nome completo, começou a sua carreira de modelo aos 15 anos. Foi o dono da agência Elite, John Casablancas, que reparou nos seus traços exóticos, ao passar nas imediações de uma escola artística onde Naomi aprendia dança clássica, em Londres. Daí em diante foi uma ascensão meteórica até à fama. No ano seguinte, em agosto de 1986, quando fez a capa da revista Elle, acabou por decidir apostar de vez na moda e mudou-se para Paris.
Dois anos depois já era solicitada por costureiros como Versace (o seu maior impulsionador) ou Ralph Lauren – e tornava-se a primeira negra a aparecer na capa da Vogue (tanto na edição francesa como americana) e ainda da Time. Mais um ano e já morava em Nova Iorque. Com a chegada da nova década, passaria a ser considerada uma das Big Six, como eram conhecidas as supermodelos do nível de Claudia Shiffer ou Linda Evangelista.
Tempos em que foi bafejada pela sorte. Em meados dos anos 1990, era escolhida para ilustrar os calendários da famosa marca de pneus Pirelli. Nesse mesmo ano gravou um CD com o título “Babywoman”, que vendeu mais de um milhão de cópias. Ainda em 1995 lançou o livro Swan, que conta uma história de suspense envolvendo cinco manequins e as suas viagens à volta do mundo. Publicou também um livro ilustrado com as suas melhores fotos, cujos lucros reverteram para a Cruz Vermelha da Somália. E contribuiu igualmente, através da Unesco, para a construção de jardins de infância em países pobres.
Ascensão e… queda
Só que, ao longo de todo este tempo, foram-se também acumulando uma série de pedras no sapato. Como o facto de ter sido dispensada pela PETA, uma associação de defesa dos direitos dos animais, depois de ter vestido uma peça de roupa em pele, numa passagem de modelos. Também já tinha dado a cara pelo Fashion Café, ao lado de Elle MacPherson e Claudia Schiffer, antes de os anos 2000 terem ditado o fim do empreendimento. Há dez anos, confessou o que sofreu com esta, e outras desventuras, a Oprah Winfrey. E como isso também ajudara a que se mudasse de vez para Moscovo, na Rússia.
É que, entretanto, foi presa por agressão e mais de uma vez. A primeira foi em 2001, depois de expulsa de uma loja por gritar com os funcionários que demoraram para abrir a porta. Mas também bateu na amiga Yvonee Scio por ter usado um vestido igual ao seu. E no motorista, por acreditar que ele encobria as traições do então namorado, o empresário russo Vladislav Doronin.
Acumulou ainda uma lista de paixões amorosas digna de registo: desde o chefe da Formula 1 Flavio Briatore ao lutador Mike Tyson. O grande amor da sua vida, disse várias vezes, foi o ator Robert De Niro, aquele que gostaria que tivesse sido o pai dos seus filhos. Acabou por nunca ser mãe.
Agora, como sublinhou numa recente entrevista ao The Guardian, recusa-se a ficar refém do seu passado. Como quem diz, o que lá vai, lá vai e o futuro ainda tem muito para lhe oferecer. “Ninguém é perfeito”, salientou. Essa é que é essa.