Os homeopatas do Reino Unido foram proibidos de promover terapias alternativas para curar crianças com autismo. Esta terapêutica, baseada na administração de doses elevadas de vitamina C, é designada por Eliminação Completa das Expressões do Espectro Autista (CEASE, na sigla inglesa) e já existe há mais de 10 anos.
Segundo os especialistas, este tratamento parte de princípios sem a mínima sustentação científica, como o facto de as crianças autistas não poderem contactar com micro-ondas, antibióticos e pão. Além disso, estas práticas assumem que a doença é causada pela vacinação infantil, contrariando inúmeros estudos que confirmam que a vacina tríplice (sarampo, papeira e rubéola) não causa autismo. Estas informações falsas estão no centro das preocupações dos órgãos de saúde pública.
“Escolher os tratamentos homeopáticos, em vez de seguir os conselhos científicos, eficazes e baseados em evidências – particularmente em intervenções que salvam vidas, como as vacinas contra o sarampo –, corre o risco de encaminhar pais bem intencionados para um caminho que os coloca a eles e aos seus filhos em situações de grande risco” disse o Diretor Médico Nacional do Serviço Nacional de Saúde, Stephen Powis, depois de a entidade responsável por supervisionar as organizações médicas ter estabelecido um prazo máximo de três meses para os homeopatas acabarem com estas falsas terapias.
Os homeopatas são ainda aconselhados a eliminar do seu discurso a tónica de que esta área é uma excelente alternativa à vacinação – e, em vez disso, propõe-se que encaminhem os doentes para o Sistema Nacional de Saúde.
Numa altura em que se intensifica a propaganda antivacinas, estas terapias ganham cada vez mais expressão. Os Estados Unidos já bateram números recorde em casos de crianças com sarampo. Só em 2019 foram confirmados mais de mil casos, o que já não se registava há 25 anos.
“É absolutamente certo que os homeopatas estão proibidos de anunciar tratam amentos “charmosos” para o autismo, mas, francamente, isso não é suficiente – eles não devem emitir aconselhamento médico, ponto final”, acrescentou Stephen Powis.
Em 2010, um relatórios do Comité de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns alertava para o facto de as terapias homeopáticas não apresentam resultados eficazes, acrescentando que os princípios nos quais estas práticas estão sustentadas são “cientificamente pouco credíveis”.
Além disso, em 2018, a Universidade de Yale, nos EUA, apresentou um estudo que concluiu que os doentes que fazem tratamentos homeopáticos como parte de uma estratégia de recuperação em casos de cancro têm, em média, duas vezes mais probabilidades de morrer da doença do que as pessoas que apenas optam por seguir os tratamentos convencionais. Os produtos homeopáticos não têm vestígios da substância ativa original (são apenas água com açúcar), mas os doentes que os tomam tendem a desvalorizar a medicina convencional.