Até agora, a ciência apenas reunia provas de que as influências genéticas do ADN dos neandertais – que desapareceram há cerca de 40 mil anos – eram comuns entre os genomas humanos de europeus, americanos e asiáticos. À exceção dos africanos, todos os outros seres humanos tinham herdado cerca de 2% dos genes deste grupo ancestral, depois de em 2010 ter sido revelada, pela primeira vez, a sequência genética destes hominídeos da Idade da Pedra.
No entanto, um novo estudo da Universidade de Princeton, nos EUA, concluiu agora, com base num novo método (IBDmix), que os africanos também herdaram influências genéticas dos neandertais. Esta descoberta veio assim abrir um novo caminho no campo de estudo da história da evolução humana que parece ser mais complexa do que alguma vez se pensou.
“Esta é a primeira vez que podemos ter o sinal real da ascendência neandertal nos africanos”, disse à revista Cell Lu Chen, investigador de pós-doutoramento do Princeton’s Lewis-Sigler Institute for Integrative Genomics (LSI) e coautor do estudo.
Estes resultados vêm assim colocar em causa a teoria que até agora defendia uma única onda de migração humana para fora do continente africano, onde se acreditava terem surgidos os primeiros homens modernos, há mais de 80 mil anos.
“Os nossos resultados mostram que essa história foi muito mais interessante e houve muito mais ondas de migração em África, algumas das quais levaram ao cruzamento de humanos modernos e neandertais que vemos nos genomas de todos os indivíduos hoje vivos” rematou Lu Chen, citado pela CNN.
Joshua Akey, principal autor do estudo, estima que o movimento de migração dos humanos modernos terá acontecido há cerca de 200 mil anos e terá sido nessa altura que se deu o cruzamento entre estes dois hominídeos. Além disso, o estudo descobriu também que o índice apontado por antigas pesquisas sobre a percentagem do genoma neandertal partilhado com os humanos modernos da Ásia Oriental – cerca de 20% – estavam errados.