O Telescópio Solar Daniel K Inouye (DKIST) – o maior do mundo -, no Havai, fotografou o sol como nunca o vimos. A estrutura situada no topo do Haleakala, um vulcão de 3 mil metros de altura na ilha de Maui, revelou imagens de 30 km da superfície do Sol (um número insignificante quando comparado com toda a sua extensão: 1,4 milhões de quilómetros).
As imagens do astro, as mais nítidas de sempre alguma vez captadas, assemelham-se a um tecido celular banhado em ouro, mas, na realidade, a superfície está coberta de plasma a 6 mil °C (gás ionizado formado a altas temperaturas) e o efeito que se assemelha a células é causado pelos movimentos agitados que transportam o calor do interior da estrela para a sua superfície, disse a Fundação Nacional de Ciência (FNC) dos EUA, a mesma que gere o supertelescópio, através de comunicado.
France Córdova, diretor da FNC, explicou que as observações futuras permitirão resolver os mistérios da atividade solar, como, por exemplo, o da temperatura da sua coroa solar, que apesar de estar muito acima da superfície tem aproximadamente 1 milhão de graus Celsius. O telescópio vai ainda permitir aos meteorologistas preverem com mais facilidade os potenciais danos da atividade solar, nomeadamente as tempestades solares – capazes de afetar comunicações por satélite, naves espaciais, ou redes de energia.
“As nossas previsões estão atrasadas 50 anos em comparação com a meteorologia terrestre, se não mais. O que precisamos é de compreender a física subjacente ao clima espacial, e isso começa no Sol. É isto que o Telescópio Solar Inouye vai estudar nas próximas décadas.”, disse Matt Mountain, presidente da Association of Universities for Research in Astronomy, ao site de notícias da FNC.
Os cientistas admitem a utilização do DKIST noutras operações, isto numa altura em que se aproxima o lançamento da Soler Orbiter (próximo dia 5 de fevereiro), na Florida, um satélite artificial de observação solar. “Temos planos conjuntos de observação do DKIST e da Solar Orbiter, o que será incrível”, disse Louise Harra, do Observatório Meteorológico Físico de Davos, na Suíça, à BBC. O projeto, uma parceria entre as agências espaciais americana e europeia, vai oferecer uma visão sem precedentes das regiões polares e ainda captar imagens do Sol a apenas 42 milhões de quilómetros, a distância mais curta de sempre.