Uma das explicações encontradas pelos psicólogos para explicar este comportamento é simples: as pessoas subestimam o tempo que leva a realizar uma tarefa. É um conceito designado por “falácia do planeamento”.
Esta condição é um dos padrões de comportamento mais difíceis de mudar. Roger Buehler, professor de psicologia da Universidade Wilfrid Laurier, em Waterloo, Ontário, e coautor do estudo “A falácia do planeamento”, de 1994, estima que as pessoas subestimam em média o tempo de conclusão de tarefas em 40 por cento. Os estudos identificaram que este problema tem as mesmas consequências em situações menos problemáticas, como enviar uma carta, mas também em mais graves, como pagar um imposto.
Jeff Conte, professor de psicologia na Universidade San Diego, num estudo realizado em 2003 e publicado na revista Human Performance, descobriu que existem pequenos aspetos nas diferentes personalidades que podem contribuir para o atraso crónico. A investigação examinou 181 operadores de metro na cidade de Nova Iorque e concluiu que quem optava por realizar tarefas através de “multitasking” chegava mais tarde ao trabalho.
Noutra pesquisa feita em 2001, o psicólogo dividiu 194 estudantes universitários em dois grupos: indivíduos do Tipo A (aqueles que são rápidos, orientados para resultados e por vezes hostis) tendem a ser mais pontuais; Indivíduos do tipo B (mais descontraídos), tendem a chegar mais tarde, concluiu o estudo publicado no Journal of Applied Social Psychology.
Nem sempre o problema de chegar constantemente atrasado está relacionado com ligeiras perturbações na personalidade ou com a falta de capacidade para planear compromissos. Os casos mais extremos de atraso crónico têm a sua origem em condições de saúde mais graves, como Perturbação de hiperatividade / défice de atenção (PHDA), depressão, transtorno obsessivo-compulsivo ou défice cognitivo leve.
As pessoas portadoras deste tipo de transtornos geralmente necessitam de tratamentos que os ajudem a solucionar problemas de gestão de tempo, tratamentos que podem ser simples, como só poder utilizar redes sociais depois de cumprir uma determinada tarefa, ou mais complexos, como prever quanto tempo levará algo a ser feito com base em experiências passadas, ou dividir uma tarefa em etapas extremamente detalhadas.
Num estudo de 2004 publicado no Jornal Americano de Psicologia Social, Justin Kruger, psicólogo, descobriu que ao “desmontar” uma tarefa – ou dividi-la em etapas detalhadas – os indivíduos conseguiam prever de forma mais precisa quanto tempo levaria para cumprir um compromisso. Os quatro cenários estudados foram: um encontro, compras de fim de ano, formatação de um documento de computador e cozinhar.
Podem ser várias as consequências de chegar regularmente atrasado, uma delas é incorrer em comportamentos de risco. O Global Driving Safety Survey, realizado em 2019 pela companhia de seguros Liberty Mutual, com base num inquérito a 1000 portugueses, concluiu que, quando atrasados, 42% dos entrevistados conduziam acima dos limites de velocidade, 47% aceleraram no sinal amarelo e 25% confessaram não parar no sinal de STOP.