Teal Swan, 35 anos, natural de Santa Fé, no Novo México, EUA, auto-intitula-se líder espiritual e “revolucionária do desenvolvimento pessoal”. O nome pode não lhe ser familiar, mas o seu canal de Youtube – com centenas de vídeos que vão desde cuidados de pele, relações amorosas ou até mesmo criptomoeda – já conta mais de 80 milhões de visualizações. É na área da saúde mental que americana propõe uma nova abordagem polémica, deixando psicólogos e psiquiatras em alerta.
A “influencer espiritual”, que já conta com seis livros publicados sobre temas como depressão e suicídio, diz-se, num dos seus vídeos, possuidora de uma perceção extrassensorial para sentimentos e emoções, que legitima a sua nova abordagem ao tema do suicídio.
A autora defende que a estratégia padrão, utilizada pela maioria dos especialistas, não funciona porque a mente de uma pessoa com pensamentos suicidas é intangível para os que a rodeiam e acrescenta ainda que a estratégia de confrontar os doentes com as consequências do suicídio cria um sentimento de culpa que muitas vezes agrava a doença. Swan propõe uma “encenação do suicídio”, um exercício que desafia os seus pacientes a imaginarem o cenário do seu próprio suicídio e onde e de que forma o fariam. É este método contraintuitivo que, segundo Swan, permite aos seus doentes voltarem a comprometer-se com a vida.
Apesar de nem sempre quem o imagina acabar por consumá-lo, psicólogos e psiquiatras alertam para os perigos da idealização do suicídio. “Quando se diz a alguém para visualizar como seria o seu suicídio, é o mesmo que dizer à pessoa para se suicidar na sua mente”, disse Jonathan Singer, Presidente da Associação Americana de Suicidologia, questionado pela BBC. Singer revelou-se preocupado com as novas técnicas de Swan, e compara-as aos mesmos métodos utilizados por atletas olímpicos como forma de melhorar o seu desempenho.
Já são vários os casos de pacientes que frequentam os cursos de Swan (com preços a rondar os 200 dólares) que acabam por cometer suicídio. O mais recente foi Casey, uma jovem de 18 anos que se suicidou meses depois de publicar um texto num grupo de Facebook de fãs em que afirmava ter tentado suicidar-se. Em resposta à publicação um dos administradores respondeu apenas com um vídeo de Swan intitulado “Quero-me matar (o que fazer se fores um suicida)”.