Um estudo recente da Universidade de Chicago e da Universidade Estadual da Flórida concluiu que as experiências da infância influenciam o tipo de líder que uma pessoa se pode vir a tornar. Ao analisarem dados relativos às famílias e infâncias de mais de 650 CEOs – tamanho da família, ordem de nascimentos, histórico de traumas infantis e ocupação dos pais – concluíram que grande parte deles eram ou filhos únicos ou os mais velhos dos seus irmãos.
Os dados eram relativos a CEO que exerceram o cargo nas décadas de 1990, 2000 e 2010, e foram retirados de várias fontes, entre elas jornais, biografias, revistas industriais e publicações universitárias. Nem todos os elementos demonstraram estar relacionados com a capacidade de liderança dos CEOs, mas este era o padrão comum mais evidente: quase metade dos CEO’s estudados eram ou filhos únicos ou os irmãos mais velhos da família. Mais, o número de CEO nesta condição eram superiores aos observados entre 1920 e 1959, quando a maior parte dos CEO emergiu.
“Os primogénitos são mais propensos a ter diplomas universitários, e mesmo antes disso a ter muitas horas de contacto com os pais desde cedo, o que pode, mais tarde, torná-los mais bem-sucedidos”, explica Todd Henderson, coautor do estudo. “Isso explica o porquê de mais primogénitos serem CEO – eles obtêm um investimento maior de capital humano”. Outros estudos demonstraram que os irmãos mais velhos tem uma maior probabilidade de desempenhar cargos diretivos e de ser mais bem pagos.
Mais, quando contratados, os CEO tendem a gerir as empresas de uma forma semelhante àquela com que foram criados. Deste modo, as crianças de classes sociais mais altas são mais adversas a correr iscos que possam comprometer os fundos da empresa, enquanto que os CEO que tiveram infâncias menos ricas estão mais dispostos a arriscar e a investir em negócios e investigação.
Os investigadores, embora não tenham certezas do motivo deste fenómeno, especulam que “os CEO que cresceram com pais bem-sucedidos podem achar que têm acesso a fórmulas vencedoras; portanto, podem sentir menos necessidade de alterar os seus planos de sucesso”, conta a psicóloga Sharna Olfman ao Atlantic. Por outro lado, “os CEO que são os primeiros da família a alcançar um sucesso económico significativo estão, por definição, a traçar o seu próprio caminho e não têm uma direção certa a seguir, o que os liberta para serem mais originais e criativos na sua abordagem”.
Outra variável que afeta a aversão ao risco dos CEO é o trauma. Por “trauma”, os investigadores incluíram todas as situações adversas da infância, desde situações realmente traumáticas (como ter pais abusivos) a episódios ou períodos desorientadores (como mudar de cidade ou de escola). As crianças vítimas de verdadeiros traumas mostraram ter-se tornado CEO mais conservadores, enquanto que as outras, que só passaram por fases menos agradáveis, revelaram ter menos medo de tomar medidas arriscadas pelo bem do negócio.
Ao contrário do que é proposto por estudos anteriores, os investigadores concluíram que ser um primogénito não é propriamente sinónimo de ser adverso a riscos – exceto quando um CEO sem irmãos é destacado para gerir um negócio de família. Nesses casos, escrevem os investigadores, “os primogénitos, em relação aos seus irmãos mais novos, preferem políticas mais cautelosas que diminuem o valor da empresa”.
Outros estudos passados fizeram a ligação entre o comportamento dos CEO e a sua personalidade, a sua experiência com perturbações na indústria no início da carreira, e até mesmo com as condições das suas hipotecas; o que torna o historial familiar em mais uma possível fonte de informação útil. Os investigadores acreditam que o seu estudo poderá ser especialmente benéfico para quem esteja incumbido de escolher um novo CEO para a sua empresa.
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