Segundo o New York Times, mais de 100 mil master tapes e cerca de 500 mil músicas originais de 700 artistas foram destruídas no incêndio nos armazéns da Universal Studios, a 1 de junho de 2008. Na lista divulgada pelo jornal americano estão nomes como Guns N’ Roses, Tupac, Aerosmith, Nirvana, Neil Young, Aretha Franklin e Chuck Berry, entre muitos outros. Vários lesados já avançaram com um processo judicial exigindo o pagamento de indemnizações no valor de 100 milhões de dólares (88 milhões de euros).
As master tapes são os registos originais das gravações das músicas, a partir das quais eram feitas todas as outras cópias. Quando os álbuns ainda se gravavam em cassetes, eram utilizados vários microfones para captar cada elemento (instrumentos e vocais) separadamente. Os técnicos de gravação reuniam depois os vários elementos, editando-os e misturando-os para alcançar o som desejado, culminando no arranjo final do álbum, a master tape. Na altura, a master tape era depois usada para gravar cópias enviadas para as filiais de distribuição, e guardada para garantir a preservação da gravação original.
Courtney Love, vocalista dos Hole e ex-mulher de Kurt Cobain, dos Nirvana, conta que “ainda ninguém sabe especificamente o que se perdeu”, mas que “pela primeira vez”, as pessoas acreditam naquilo que diz sobre o estado da indústria da música. “Não desejaria nem ao meu pior inimigo. A nossa cultura foi devastada, entretanto, a Universal Music Group está online, como se nada tivesse acontecido. É mesmo horrível.”
Sheryl Crow, outra das artistas afetadas, admitiu à BBC que o cenário “parece um pouco apocalítico”. A cantora afirma ainda que não compreende como é que esta informação foi “encoberta” durante os últimos 11 anos, nem o porquê da empresa ter feito cópias de segurança, mas depois as ter guardado no mesmo cofre que as originais. “Qual é o objetivo?”.
Na sequência do incêndio, a empresa afirmou que o incidente afetou principalmente materiais cinematográficos e televisivos, enquanto os funcionários alegavam que “em alguns casos o material destruído era a única cópia”, mas o porta-voz da Universal Music Group (UMG) garantia que não havia “nenhuma perda”. Agora, o NYT tive acesso aos arquivos internos e a vários depoimentos, que detalham perdas significativas, como as master tapes de clássicos como Rock Around the Clock de Bill Haley e At Last de Etta James.
A UMG respondeu com uma declaração na qual citam “inúmeras imprecisões, declarações enganosas, contradições e mal-entendidos essenciais para o contexto do incidente e os ativos afetados”. Lucian Grainge, CEO da empresa, escreveu num comunicado aos trabalhadores que embora “muitas das afirmações e especulações subsequentes não sejam precisas, uma coisa é certa: qualquer perda de material arquivado é desoladora”. Grainge confirmou que o incêndio “destruiu gravações arquivadas, vídeos e materiais relacionados” e afirma: “Ter os nossos artistas e compositores sem perceber se a especulação é verdadeira, é completamente inaceitável… devemos transparência aos nossos artistas”.
A UMG é a maior empresa discográfica do mundo, com uma participação de 31% no mercado global.