Vários alpinistas morrem todos os anos a tentar escalar o Everest, sobretudo na “zona de morte”, acima de 8 mil metros de altitude, onde o nível de oxigênio é insuficiente para alimentar o corpo humano.
“Os mantos de gelo estão a derreter-se rapidamente e os corpos que estiveram enterrados durante anos estão a começar a ficar expostos”, explica Ang Tshering Sherpa, ex-presidente da Associação de Alpinismo do Nepal, que adianta que, recentemente, foi possível “trazer para baixo corpos de alguns alpinistas, mas os mais antigos estão a começar a aparecer agora.”
Remover um cadáver neste tipo de situação pode custar até cerca de 70 mil euros. “Este problema devia ser uma prioridade do governo e da indústria de alpinismo”, defende Dambar Parajuli, presidente da Associação Nepalesa de Operadores de Expedição (EOAN).
O problema do degelo na região do Everest, tal como na maior parte dos Himalaias, não é exclusivo desta temporada de escalada. Em 2016, o exército nepalês teve que drenar o lago Imja, depois de as suas águas terem atingido níveis perigosos devido ao rápido degelo dos glaciares.
No ano passado, uma equipa de investigadores britânicos perfurou o glaciar Khumbu, o maior glaciar do mundo, e descobriu que o gelo está mais quente do que era esperado. A sua temperatura mínima registava -3.3º C, ou seja, estava 2ºC mais quente que a temperatura média anual do ar.
Menos autorizações
A China reduziu, este ano, em um terço, o número de alpinistas que autoriza a escalar o Monte Everest, a partir do norte, como parte dos planos para limpar a montanha mais alta do mundo. Esta temporada, o número total de alpinistas que tentam alcançar o topo do Everest, a 8.850 metros de altitude, a partir do norte, será limitado a menos de 300.
Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, a China montou estações para classificar, reciclar e recolher lixo da montanha, que inclui latas, sacos plásticos, equipamentos de cozinha, tendas e tanques de oxigênio.
Do lado nepalês, os organizadores de expedições de montanhistas começaram a enviar sacos de lixo com os alpinistas, que durante a temporada de escalada coletam o lixo, que é depois transportado por helicóptero.
Em 2017, quase 700 pessoas chegaram ao topo do Everest, incluindo 202 do lado norte, de acordo com a organização sem fins lucrativos Himalayan Database. No mesmo ano, seis pessoas morreram na montanha.
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