O caso remonta a maio de 2007: num apartamento de férias na Praia da Luz, um casal de médicos ingleses jantava num restaurante com uns amigos, enquanto os filhos – Madeleine, 3 anos, e os seus irmãos gémeos, de dois anos – dormiam no quarto. A cada meia hora, os pais, garantem, revezavam-se para ir ver as crianças. Mas, a dada altura, Maddie, não está na cama e desaparece sem deixar rasto.
A busca pelo seu paradeiro tornou-se uma das mais longas, dispendiosas e famosas da história – 12 anos e mais de 12 milhões de euros. É essa história que o documentário The Disappearance of Madeleine McCann, agora disponível na Netflix, começa por contar: “A nossa intenção era recriar a experiência de quem viveu o acontecimento”, contou à The Atlantic o realizador Chris Smith, o mesmo de Fyre, o Festival que Nunca Aconteceu, “o choque da notícia, a voragem dos media, a consternação do público e as reviravoltas da investigação.”
Segundo o The Sun, um dos entrevistados é Jim Gumble, um polícia inglês descrito como especialista de topo em crianças desaparecidas, e que à época apontou vários erros à operação montada pela Polícia Judiciária. “Acredito que vamos saber o que aconteceu. Temos de ter esperança nos avanços da tecnologia”, defende agora o mesmo Gumble.
Num documento dividido por oito episódios, cruzando entrevistas a mais de 40 pessoas, ali se defende então a tese de que Maddie foi raptada por traficantes de crianças e que, como tinha um alto valor no mercado por ser filha de um casal de médicos britânicos de classe média, teria sido mantida viva.
Já os pais de Maddie, Kate e Gerry, desta vez optaram pelo silêncio: não só não quiseram colaborar com o trabalho da plataforma de streaming como se recusaram a ver o documentário antes de este ir para o ar.
As últimas notícias sobre o casal datam de novembro do ano passado e davam conta de duras críticas dirigidas à Scotland Yard por esta estar agora a defender que a criança saíra sozinha do quarto para ir à procura dos pais. Antes disso, em setembro, os McCann tinham anunciado o encerramento do site que visava angariar mais fundos para a investigação.