O corpo de um homem que tinha sido submetido a radioterapia fez aumentar exponencialmente o grau de radioatividade do local onde foi cremado. O caso, publicado esta semana no Journal of the American Medical Association, aconteceu em 2017 – a cremação do corpo de um homem de 69 anos, que recebera radioterapia para combater um cancro no pâncreas, fez subir a radiação no crematório para valores acima dos limites de segurança, expondo os trabalhadores a lutécio-177, precisamente a partícula usada no tratamento.
Estas situações não estão reguladas, mas a Mayo Clinic, onde o homem fizera radioterapia, tem por norma informar o crematório, quando o paciente morre. O problema é que, desta vez, o doente morreu noutro hospital, dois dias depois do tratamento, e a Mayo Clinic só descobriu duas semanas e meia mais tarde.
A equipa de especialistas enviada nessa altura para o crematório encontrou níveis máximos de 7,5 millirem por hora no forno, embora muito abaixo do que se considera provocar envenenamento por radioatividade. “Não é Chernobyl ou Fukushima, mas foi mais do que estávamos à espera”, disse o responsável pela segurança de radiação da Mayo Clinic, Kevin Nelson, ao site de notícias de tecnologia The Verge.
Em Portugal, o IPO passa uma declaração a informar que as pessoas submetidas a radioterapia só podem ser cremadas três anos depois dos tratamentos. Em 2010, foram notícia os testes submetidos a quatro funcionários do crematório do cemitério do Alto de São João, Lisboa, quando se soube que um homem tinha sido cremado apenas dois meses após a radioterapia. Os funcionários e o forno não acusaram radiação, mas as cinzas do corpo tinham sinais do iodo 125 usado no tratamento.