A antiga provedora da Casa Pia estava há “várias semanas” internada numa unidade hospitalar em Lisboa e morreu esta noite vítima de uma infeção generalizada, segundo confirmou hoje o advogado da instituição à agência Lusa, Miguel Matias.
Catalina Pestana foi nomeada em 2002 pelo Ministério da Segurança Social e do Trabalho, na altura tutelado por Bagão Félix, provedora da Casa Pia e era uma das vozes de defesa das vítimas do processo de pedofilia que abalou a instituição.
Permaneceu à frente da instituição até maio de 2007, quando o julgamento do caso Casa Pia ainda decorria, para no ano seguinte integrar o projeto de uma “Rede de Cuidadores”, contra abusos sobre jovens.
Nascida em 05 de maio de 1947, viveu no Barreiro e fez o liceu em Setúbal, antes de ir estudar Filosofia para a Universidade de Letras de Lisboa.
Em 1975, assumiu a direção do Colégio de Santa Catarina, em Lisboa, funções que exerceu durante cerca de doze anos, até 1987. Depois, começou a dar aulas de Análise Sócio-Histórica da Educação na Faculdade de Motricidade Humana.
Bagão Félix destaca “coragem” e”enorme sensibilidade”
O antigo ministro do Trabalho e das Finanças António Bagão Félix destacou hoje “o sentido de dever, força da coragem e enorme sensibilidade humana” da antiga provedora Catalina Pestana, que morreu aos 72 anos num hospital em Lisboa.
“Foi uma pessoa admirável, com rosto, alma e coração. Esteve sempre ao lado dos que não têm voz, não têm poder e que não fazem notícias, não abrem telejornais, dos que estão indefesos”, disse em declarações à agência Lusa.
Segundo Bagão Félix, Portugal perdeu “uma grande senhora, uma portuguesa de eleição, uma pessoa que ao longo da sua vida juntou qualidades essenciais para as causas cívicas e públicas em que se envolveu”.
“Era uma pessoa com quem tive o gosto e felicidade de trabalhar e a escolher em 2002 para liderar o projeto de refundar a Casa Pia. Era uma pessoa que juntava o sentido de dever, força da coragem, a enorme sensibilidade humana e a consistência da vontade. Trabalhou sempre em nome de um valor ético que as vezes desprezamos, que é valor ético da esperança”, acrescentou.
O ex-governante lembrou ainda que a antiga provedora lutou sempre contra “a tecnocracia estatística”, que transforma pessoas em números.
“Catalina Pestana teve uma vida feita pela grande luta pelas causas em que acreditava, com total autenticidade”, sinalizou ainda.