A ideia não era chegar ao Havai e sim a São Francisco, na Califórnia, mas o mau tempo forçou o francês a mudar de planos. Enquanto não retoma a tentativa de se tornar a primeira pessoa a atravessar o Oceano Pacífico, Benoît “Ben” Lecomte, que pisou a areia da praia de Oahu na terça-feira, vai fazendo o balanço da sua missão: chamar a atenção para o problema do plástico no oceano e investigar os seus efeitos.
A acompanhar a longa travessia de Lecomte, de 51 anos, esteve um barco com uma equipa de apoio e de investigadores, que ajudou a contabilizar o plástico encontrado. Os dados e as amostras recolhidas estão já a ser analisados por especialistas de 12 instituições, incluindo a NASA, com foco em oito áreas, como a radiação ainda do desastre de Fukushima e os efeitos no coração e no estado psicológico do nadador, por exemplo.
“Às vezes estamos andar com baleias à nossa volta e depois bum, 10 minutos depois um grande plástico a flutuar. Grande parte é alguma coisa que todos usamos em casa”, conta o atleta ao canal KHON, que descreve a experiência como “muito perturbadora”. Havia alturas em que via um bocado de plástico a cada três minutos e sempre que lançava uma rede, a equipa a bordo recolhia cerca de 100 pedaços de plástico em meia hora.
No blogue que manteve durante a jornada, Lecomte escreveu que “o oceano está em perigo”. “Se não fizermos nada para reverter isso nos próximos anos, depois vai ser muito mais difícil”, alerta.
O francês e a sua equipa sairam de Chōshi, no Japão, a 5 de junho. O plano era nadar oito horas por dia para fazer cerca de 48 quilómetros diários para chegar a São Francisco.
“Apanhámos muito mau tempo no caminho [em novembro]. Tentámos consertar algumas coisas que se avariaram no barco, mas não conseguimos. Estava a deixar o barco em stress e também a comprometer a nossa segurança, então decidimos interromper [a viagem]”, explicou à chegada ao Havai.